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Crianças obcecadas por écrans falam menos com os pais

Utilizar o televisor e os tablets como babysitter eletrónica diminui o tempo que as crianças passam a interagir com os pais ou outros cuidadores, revelou um estudo recentemente publicado na revista JAMA Pediatrics.

Crianças obcecadas por écrans falam menos com os pais

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A equipa de investigadores australianos apelida o fenómeno de “tecnoferência” – interferência baseada em tecnologia –, um cenário em que a exposição das crianças aos dispositivos tecnológicos interfere na oportunidade de interagir e de conversar no seu ambiente doméstico.

De acordo com as diretrizes da Academia Americana de Pediatria, as crianças dos 2 aos 5 anos não devem utilizar este tipo de tecnologia mais do que uma hora por dia, para terem tempo suficiente para se envolverem noutras atividades importantes para a sua saúde e desenvolvimento. Infelizmente, as taxas de exposição de muitas crianças são bem superiores.

No estudo de coorte prospectivo, a equipa de investigação da Universidade da Austrália Ocidental, em Adelaide, avaliou a quantidade de tempo de écran a que as crianças de 220 famílias estavam expostas num dia normal.
Os dados foram recolhidos uma vez a cada 6 meses, na casa da família, quando as crianças tinham 12, 18, 24, 30 e 36 meses de idade, de 1 de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2021.

Liderados por Mary Brushe, os especialistas utilizaram tecnologia avançada para o efeito: a cada seis meses, as crianças passavam um dia com camisas ou coletes especiais equipados com monitores sensíveis. Esses monitores avaliavam e diferenciavam o ruído eletrónico (emitido pelas écrans) e a linguagem falada pela criança, pelos pais ou outro adulto.

Os resultados permitiram concluir que quanto maior era o tempo perante os écrans mais diminuía o tempo de conversa entre pais e filhos. Os investigadores constataram que aos 3 anos de idade, a criança média do estudo estava perante um écran durante 2h52 minutos todos os dias.

A verdade é que por cada minuto adicional de tempo de écran, as crianças ouviam menos palavras adultas, faziam menos vocalizações e envolviam-se em menos interações com os pais. Dito de forma mais concreta, aos 3 anos de idade, cada minuto extra gasto a olhar para um televisor ou écran de computador estava associado a 6,6 palavras a menos trocadas com um adulto naquele dia.

Segundo os especialistas, a maior parte dos pais não está consciente do impacto do tempo passado em frente aos écrans no desenvolvimento das crianças, logo, podem precisar de apoio para compreender a associação potencial do tempo de écran com as oportunidades para crianças e adultos conversarem e interagirem no seu ambiente doméstico.

Fonte: Tupam Editores

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