ALZHEIMER

Mais perto de entender porque mulheres desenvolvem mais Alzheimer

Investigadores da Universidade da Tasmânia, na Austrália, estão um passo mais perto de entender a razão de as mulheres terem maior propensão para desenvolver a doença de Alzheimer.

Mais perto de entender porque mulheres desenvolvem mais Alzheimer

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O objetivo do estudo do Wicking Dementia Research and Education Center da UTAS era determinar se a reserva cognitiva (educação e QI) retardava o declínio cognitivo relacionado à idade igualmente em homens e mulheres.

Sabe-se que as mulheres têm uma incidência maior de doença de Alzheimer ajustada à idade do que os homens, mas as razões permanecem obscuras. Isto, de acordo com a professora Jane Alty, não está apenas relacionado com o facto de estas viverem mais do que os homens.

Um factor contribuinte proposto é que, historicamente, as mulheres tiveram menos acesso à educação e, portanto, podem ter acumulado menos reserva cognitiva. A reserva cognitiva diz respeito à capacidade de amortecer os efeitos das mudanças físicas no cérebro, de modo que não tenham um efeito direto na função.

Pessoas que desenvolveram maior reserva cognitiva ao longo da vida (seja através de mais educação e outras atividades cognitivamente estimulantes, como emprego e hobbies) geralmente não apresentam um declínio acentuado nas suas funções de memória e pensamento.

A equipa de investigação mediu a reserva cognitiva utilizando o total de anos de educação e medindo o seu QI, acedendo aos dados do Projeto Cérebro Saudável da Tasmânia (THBP) do Wicking Center. O THBP é um estudo de coorte de longo prazo, que recrutou australianos saudáveis com idades entre os 50 e os 80 anos sem comprometimento cognitivo que teve início há cerca de 10 anos.

O THBP tinha como objetivo determinar se a educação universitária mais tarde na vida reduziu o declínio cognitivo relacionado à idade e se diminuiu significativamente o risco ou atrasou o aparecimento de demência.

Para a investigação da professora Alty e de Aidan Bindoff, foram analisados os dados de 562 participantes (383 mulheres e 179 homens), e os resultados mostraram que a reserva cognitiva, medida pelo QI, moderou a inclinação do declínio cognitivo relacionado à idade nos homens, mas não nas mulheres.

Os homens com QI estimado mais alto tiveram um declínio cognitivo relacionado à idade menos rápido (menos acentuado) do que os seus pares do sexo masculino com QI mais baixo – isso já se esperava. No entanto, esses mesmos efeitos protetores não se observaram nas mulheres, pelo que aquelas com maior reserva cognitiva diminuíram nos seus testes de memória e pensamento à medida que envelheceram, na mesma proporção que as mulheres com menor reserva cognitiva.

Foi possível apurar ainda que a educação não moderou significativamente as trajetórias cognitivas nos homens nem nas mulheres.

As descobertas deste estudo, recentemente publicado na revista Neurology, não parecem apoiar a hipótese de que as disparidades históricas entre os sexos no acesso à educação contribuem para a maior incidência feminina da doença de Alzheimer.

Segundo a professora Alty, sugerem antes que existem efeitos específicos do sexo na reserva cognitiva, dos quais os homens beneficiam mais. Isto destaca a necessidade de se realizarem mais estudos para avaliar homens e mulheres separadamente para investigar como se pode proteger melhor as pessoas contra a doença de Alzheimer e o declínio cognitivo relacionado à idade.

Fonte: Tupam Editores

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