O ácido docosahexaenóico (DHA) é um componente do tecido neural. Como o seu acréscimo no cérebro é maior durante o último trimestre da gravidez, os bebés nascidos antes das 29 semanas de gestação não recebem o suprimento normal de DHA. O efeito dessa deficiência no desenvolvimento cognitivo subsequente não está ainda bem compreendido.

Segundo a Dra. Jacqueline Gould, líder do estudo, os bebés nascidos nas primeiras gestações são privados do suprimento natural de DHA que normalmente se acumula no cérebro durante o último trimestre da gravidez. Esses bebés têm baixas concentrações de DHA no seu tecido cerebral, o que pode contribuir para piores resultados cognitivos.

O objetivo do estudo, recentemente publicado no New England Journal of Medicine, era testar se a suplementação com DHA a essas crianças após o nascimento poderia compensar parte do que lhes faltava devido ao nascimento prematuro, e aumentar o desenvolvimento do cérebro.

O estudo acompanhou 323 bebés nascidos antes das 29 semanas de gestação, que receberam 60mg de DHA/kg por dia via sonda enteral ou de controle. Eles foram comparados com 333 crianças do grupo controle, que receberam uma emulsão sem DHA. Aos cinco anos de idade, as crianças de ambos os grupos foram submetidas ao teste de QI Wechsler Preschool and Primary Scale of Intelligence (WPPSI).

Os resultados permitiram apurar que, em média, as crianças do grupo DHA pontuaram 3,5 pontos a mais na escala de QI do que os do grupo controle – o que sugere que o DHA tem o potencial de melhorar o desempenho cognitivo quando administrado via emulsão a bebés nascidos antes de 29 semanas de gestação.

Embora os avanços médicos nos últimos 30 anos tenham aumentado as taxas de sobrevivência dos bebés nascidos antes das 29 semanas de gestação, não houve melhora no seu desenvolvimento cognitivo.
Fornecer DHA a esses bebés enquanto ainda estão no hospital pode ser uma intervenção simples que pode ajudar a aumentar a função cerebral.