Supercola de veneno de cobra substitui pontos cirúrgicos
Cientistas canadianos desenvolveram uma supercola a partir de veneno de cobra que poderá ser usada para substituir pontos em cirurgias.
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Paradoxalmente à sua natureza, as unidades hospitalares também representam um problema de saúde pública. Todos os anos centenas de milhões de pessoas sofrem com infeções contraídas em hospitais. LER MAIS
A cola foi feita a partir de uma enzima de coagulação do sangue chamada reptilase, ou batroxobina, encontrada no veneno de cobras Bothrops atrox, que estão entre as cobras mais venenosas da América do Sul.
Aproveitando essa propriedade de coagulação, a equipa internacional desenvolveu um adesivo de tecido corporal que incorpora a enzima especial numa gelatina modificada, que pode ser envolvida num pequeno tubo para uma fácil aplicação.
“Em traumas, ferimentos e sangramentos, a supercola pode ser aplicada, tendo depois que ser iluminada com uma luz visível, como um laser ou até mesmo com uma lanterna de telemóvel”, explicou Kibret Mequanint, da Universidade Ocidental de Ontário, no Canadá.
Em comparação com a cola de fibrina clínica, considerada o padrão ouro para cirurgiões, o novo colante de tecido biológico tem dez vezes mais força adesiva para resistir ao descolamento ou lavagem devido a sangramento.
O tempo de coagulação do sangue também é muito mais curto, sendo reduzido para metade: de 90 segundos para a cola de fibrina, para 45 segundos para a nova supercola de veneno de cobra. O uso desta nova biotecnologia traduz-se em menos perda de sangue e maior potencial para salvar vidas.
A supercola foi já testada em modelos para cortes profundos na pele, ruturas na aorta e lesões no fígado - todas consideradas situações de hemorragia grave. Além disso, a nova supercola de veneno de cobra pode ser usada em cortes cirúrgicos sem suturas.
O objetivo agora é colocar o produto no mercado para uso clínico.