Cannabis na gravidez pode aumentar risco de autismo
Muito se tem debatido sobre os efeitos do uso de cannabis na gravidez e nas possíveis consequências para os bebés. Estudos já realizados associaram o uso de cannabis durante a gravidez ao aumento do risco de natimortos, prematuros e baixo peso ao nascer.
Agora, uma investigação realizada no Canadá descobriu uma associação entre o uso de cannabis na gravidez e um maior risco de autismo.
Para avaliar se o uso de cannabis estava ligado ao aumento do risco de autismo nos bebés, os cientistas analisaram 2 200 mulheres que utilizaram apenas a droga e nenhuma outra substância durante a gestação.
O mecanismo através do qual o uso de cannabis durante a gravidez pode afetar os resultados do parto e a saúde do bebé ainda não é totalmente compreendido.
Ainda assim, a maioria dos especialistas aponta para estudos em animais que encontraram recetores de cannabis no cérebro de embriões de animais com apenas cinco a seis semanas de idade.
Quando uma mulher grávida consome cannabis, esses recetores de cannabis seriam ativados, afetando potencialmente o desenvolvimento do cérebro do bebé.
O número de mulheres que usaram cannabis durante a gravidez pode ser muito maior do que o relatado pelo estudo, já que algumas podem ter negado o uso porque a cannabis recreativa era ilegal quando os dados foram recolhidos. Algumas gestantes afirmaram que não usavam cannabis para fins recreativos, mas para tratar dores e enjoos matinais.
A legalização nacional da cannabis recreativa no Canadá em 2018 foi um catalisador para o estudo. Os cientistas temiam que a legalização pudesse levar a um aumento do uso da droga entre mulheres grávidas, apesar da falta de evidências de que é segura.
Ainda assim, de acordo com os pesquisadores, vários fatores podem contribuir para um aumento do risco de autismo. O estudo mostrou apenas que o uso de cannabis durante a gravidez pode estar associado ao autismo na prole, mas não provou uma relação de causa-efeito.