ALZHEIMER

Técnica inovadora diferencia Alzheimer de outras demências

Cientistas validaram no Brasil uma metodologia capaz de mapear a acumulação das proteínas beta-amiloide no cérebro humano por meio de tomografia por emissão de positrões (PET, na sigla em inglês). Em pacientes com Alzheimer, esse peptídeo agrupa-se de forma anómala e promove a deposição de placas no córtex cerebral.

Técnica inovadora diferencia Alzheimer de outras demências

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Aliada a outras análises, a metodologia constitui uma ferramenta importante para diferenciar casos de doença de Alzheimer de outras demências degenerativas.

O trabalho envolveu a validação da metodologia de produção do radiofármaco usado no teste. Denominado 11C-PIB, o radiofármaco atua como um marcador da acumulação de peptídeo beta-amiloide no cérebro humano.

Este radiofármaco foi desenvolvido na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, e é um produto sem patente e com comercialização limitada, sobretudo por ter meia-vida física muito curta.

“Durante o projeto de investigação, foi possível produzir o radiofármaco no Brasil, visto que já era utilizado em grandes centros de pesquisa fora do país. Além de conseguirmos validar a metodologia, fizemos testes pré-clínicos em animais e, na sequência, a metodologia foi aplicada em pacientes voluntários”, explicou Geraldo Busatto Filho, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

O diagnóstico da doença de Alzheimer ainda é complexo, por vezes tardio e feito por exclusão de outras causas de url=/pt/toda-a-saude/saude-humana/demencia]demência[/url]. Isso ocorre porque os processos neurodegenerativos que caracterizam a doença têm início anos antes de surgirem os primeiros sintomas, como perda de memória e dificuldade para acompanhar conversas mais complexas ou para resolver problemas.

De acordo com os investigadores, a validação de marcadores - como o 11C-PIB - tem o potencial de viabilizar o diagnóstico precoce e mais preciso, além de dar uma nova perspetiva para a doença, permitindo que, no futuro, novos tratamentos sejam testados.

Assim como a produção do radiofármaco, realizar o exame em pacientes voluntários não é das tarefas mais fáceis. Isso porque o produto é marcado com isótopo radioativo (carbono 11), que tem meia-vida física de apenas 20 minutos. Quando o isótopo decai, emite dois raios gama e forma a imagem das placas amiloide no equipamento de tomografia por emissão de positrões.

Depois de validar no Brasil a metodologia de deteção de placas amiloide no cérebro, os pesquisadores usaram um software para construir “mapas cerebrais estatísticos”.

Os gráficos mostram a comparação das médias de 17 voluntários com suspeita de Alzheimer com as de outros 19 idosos saudáveis como grupo de controlo.

“Pelo mapa estatístico, é possível identificar facilmente a acumulação de placas amiloides no grupo de pacientes com doença de Alzheimer, quando comparado ao grupo de voluntários saudáveis. As regiões do córtex estão claramente diferentes. Os mapas estatísticos são daquelas imagens que falam mais do que mil palavras”, disse Busatto.

É importante ressaltar que o mapeamento cerebral pelo radiofármaco 11C-PIB não pode ser considerado, de forma isolada, um diagnóstico da doença de Alzheimer, nem um indicador de gravidade. Serve para diferenciar casos de doença de Alzheimer de outras demências. Embora já tenha sido testada em voluntários, o seu uso ainda não está aprovado para uso clínico.


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