Por vezes, as dores podem ser acompanhadas de cãibras uterinas. Em casos extremos, as mulheres não conseguem sair da cama e fazer as atividades diárias, ou estudar.

As mulheres aceitam essas dores como naturais nesses "dias difíceis", desconhecendo que podem sofrer de endometriose, uma doença ainda pouco conhecida que contribui para a infertilidade, alerta uma especialista portuguesa.

Estima-se que um terço (30 por cento) das mulheres é infértil devido à endometriose, doença que se caracteriza pelo crescimento de tecido endometrial, que reveste o interior do útero, fora da cavidade uterina.

"Estes focos de glândulas e tecido endometrial vão colonizar zonas fora do útero, ou seja, a cavidade abdominal e os órgãos vizinhos e sempre que ocorre uma menstruação existe sangramento nessas zonas, o que causa uma reação inflamatória crónica", explica a ginecologista obstetra Fátima Faustino, responsável pelo Centro Especializado em Endometriose do Hospital Lusíadas, em Lisboa.

Esta situação pode levar ao crescimento de tumores que são benignos, mas que afetam bastante as mulheres, provocando mesmo infertilidade.

"Não há evidência científica de que a endometriose cause tumor maligno, nem existe um aumento global de cancro em mulheres que têm endometriose. No entanto, alguns tipos de tumor, como o do ovário, são ligeiramente mais frequentes em mulheres com esta doença, entre um a dois por cento dos casos", acrescentou ainda Fátima Faustino.

A especialista sublinha que o tempo médio para o diagnóstico da doença varia entre oito e 11 anos e o número médio de médicos consultados é aproximadamente sete, numa cruzada em que as doentes vão perdendo a esperança de serem tratadas e a doença vai progredindo de forma silenciosa, mas dolorosa.