O médico e investigador português Hugo Sousa tornou-se no primeiro cidadão luso distinguido com o Prémio de Diagnóstico Abbott, atribuído devido à descrição, inédita em seres humanos, de uma mutação genética no citomegalovírus que afeta doentes transplantados.

Hugo Sousa é cientista e clínico do Serviço de Virologia do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO do Porto) e venceu a edição de 2017 do Prémio de Diagnóstico Abbott, atribuído anualmente pela Sociedade Europeia de Virologia Clínica (ESCV, na sigla em inglês) a profissionais que se destaquem nesta área.

O pesquisador conseguiu realizar a descrição, inédita em seres humanos, de uma mutação genética no citomegalovírus, a qual está plasmada num artigo publicado na revista Antiviral Research.

A entrega do prémio está agendada para setembro, durante o congresso da ESCV na cidade de Stresa, em Itália.

O cientista focou o seu estudo em infeções por citomegalovírus em doentes submetidos a transplante de medula óssea, que constituem um "grupo de risco" e a descoberta mais relevante foi ter descrito uma mutação específica no vírus em doentes.

A mutação em causa ocorre num gene do vírus e "modifica uma das suas proteínas", a qual é o "alvo dos fármacos atuais". Com esta "alteração genética muito pequenina", o fármaco deixa de reconhecer a proteína, explicou o cientista.

O vírus continua, desta forma, a replicar-se, condicionando a resposta do tratamento.

As mutações são raras, mas a infeção por citomegalovírus "é muito frequente", afetando "cerca de 50 a 60 por cento dos doentes transplantados", acrescentou.

Hugo Sousa espera agora que, com base nestas descobertas, possam ser realizados, num futuro próximo, testes clínicos específicos durante o processo de tratamento após o transplante e que identifiquem a referida mutação do vírus.