CRIOPRESERVAÇÃO DE ÓRGÃOS – UM PLANO SALVA-VIDAS

CRIOPRESERVAÇÃO DE ÓRGÃOS – UM PLANO SALVA-VIDAS

MEDICINA E MEDICAMENTOS

  Tupam Editores

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A criopreservação é um termo genérico para designar diferentes técnicas de preservação de material biológico através de congelamento. Trata-se de um processo altamente complexo, através do qual as células são preservadas por longos períodos de tempo a muito baixas temperaturas, entre -196ºC e -150ºC, sem que se perca a sua integridade e qualidade e que está em contínuo aperfeiçoamento, devido à sua ampla aplicabilidade clínica.

Para que os procedimentos ao longo do processo de congelamento e descongelamento dos materiais biológicos, pudessem oferecer bons resultados, inúmeras pesquisas foram  e continuam a ser realizadas, em boa medida devido à sequência dos êxitos obtidos no suporte às técnicas de reprodução assistida, designadamente pela utilização de óvulos, espermatozoides, embriões e outros materiais biológicos.

Na realidade, a criopreservação é hoje muito utilizada em contexto da reprodução assistida, proporcionando um sem número de possibilidades de tratamento para a fertilidade, inclusive na preservação social, através de mulheres que enquanto jovens optam pelo congelamento de óvulos com vista a uma futura gravidez com o seu próprio material biológico, bem como oncológica, através de indivíduos que optam pelo congelamento prévio de gâmetas previamente a um tratamento de cancro com potencial destrutivo de fertilidade.

Hoje, a técnica mais comummente utilizada é a vitrificação, também denominada por congelamento ultrarrápido, prática que representou um enorme avanço nos processos anteriores de congelamento lento em que se verificava um grande índice de formação de cristais de gelo no interior dos materiais, o que inviabilizava a sua utilização.

Em Portugal, as técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA), são reguladas pelo Decreto Regulamentar nº 6/2016 de 20 de junho e pelas Leis nº 32/2006 de 26 de Julho e nº 17/2016 de 20 de junho, que vieram alargar o âmbito dos beneficiários das técnicas e a sua regulação, sob a supervisão do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), entidade constituída por nove personalidades de reconhecido mérito, com especial qualificação no domínio das questões éticas, científicas, sociais e legais da PMA, com um mandato de 5 anos, sendo cinco eleitas pela Assembleia da República (AR), e quatro nomeadas pelos membros do Governo que tutelam as áreas da saúde e da ciência.

Mais recentemente, a Lei nº 72/2021 de 12 de novembro veio introduzir alterações à Lei 17/2016, passando a ser permitido o recurso a técnicas de PMA através da inseminação com sémen, após a morte do dador, nos casos de projetos parentais claramente estabelecidos e consentidos. Em resultado dessa alteração, foi possível a uma mãe prosseguir os tratamentos para engravidar com recurso ao sémen do marido, morto por cancro quatro anos antes, mas preservado antes de iniciar aos tratamentos oncológicos, o primeiro caso registado no País.

As células estaminais, também chamadas células-mãe, têm a capacidade de dar origem às células especializadas que constituem os vários tecidos e órgãos do corpo humano. As suas caraterísticas únicas permitem a substituição das células que vão morrendo ao longo da vida e também a reparação de tecidos danificados, apresentando por isso um enorme potencial para o tratamento de diversas doenças.

Avanços nas técnicas de criopreservação, área que estuda a possibilidade de trazer sistemas e órgãos à vida, após congelamento, são de realização muito difícil, mas podem revolucionar os transplantes num futuro próximo e já estão a concretizar-se em alguns casos. O objetivo dos investigadores nesta área é impedir a rápida degradação de órgãos doados, barreira que faz desses procedimentos uma corrida contra o tempo.

As células estaminais distinguem-se das células comuns devido à sua capacidade de originarem novas células estaminais, de se dividirem indefinidamente e de se transformarem em diferentes tipos de células especializadas em determinadas funções.

O congelamento permite conservar órgãos para transplante durante mais tempo evitando assim uma potencial rejeição. Entre argumentos como a possibilidade de tratar mais de 80 tipos de doenças e de já terem sido realizadas com êxito mais de 60 mil transplantes ao longo de três décadas, compensa examinar o percurso e as vantagens de se começar a traçar um plano B no sector da saúde, logo após o nascimento, onde se inclua a criopreservação das células estaminais do sangue do cordão umbilical, dadas as suas potencialidades clínicas.

A colheita de sangue do cordão umbilical é um procedimento seguro tanto para a mãe quanto para o recém-nascido e as células podem ser preservadas durante toda a vida, constituindo por isso um eficiente plano salva-vidas em alternativa aos transplantes de órgãos, que na sua maioria têm um tempo muito limitado de conservação, assim as novas tecnologias de investigação o tornem possível.

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