Uma equipa de cientistas portuguesas do Laboratório de Arqueociências da Direção Geral do Património Cultural está a desenvolver um estudo sobre a domesticação e trajetórias evolutivas de cães e lobos na Península Ibérica e no Norte de África.

O estudo, que começou a ser planeado em 2010, centra-se no período Mesolítico. Elisabete Pires, uma das cientistas envolvida, revela que um dos objetivos passa por saber qual o passado das raças de cães nos vários períodos cronológicos e como terá sido a sua evolução até ao presente.

Em discussão está a dúvida se a domesticação foi fruto da ação direta do homem ou se o lobo se autodomesticou, aproveitando um novo nicho ecológico que surgiu com o homem e as suas atividades, e progressivamente foi tolerando a sua aproximação. E, depois surgiu o cão, de menor tamanho e que foi ficando no registo arqueológico, muitas vezes, de forma que denota afeto pelo homem.

A equipa pretende esclarecer as trajetórias evolutivas dos cães e lobos na Península Ibérica e no Norte de África, e perceber se existe algum sinal de que os primeiros cães que habitaram na Península Ibérica tiveram origem cá ou se, por acaso, foram trazidos de outros sítios.

De acordo com Elisabete Pires, apesar de o lobo servir de ancestral direto do cão, na região da Península Ibérica – o que explica o surgimento da espécie –, o mesmo não acontece no Norte de África, mais especificamente no Magrebe, zona que está a ser estudada.

Sabe-se que no Norte de África não existiam lobos, daí as cientistas quererem descobrir como lá chegaram os primeiros cães.