Apenas 2 cigarros por dia já aumentam risco de doenças cardíacas
A maioria das pessoas sabe que fumar faz mal à saúde e pode causar sérios danos. No entanto, um novo estudo realizado por investigadores da Universidade Johns Hopkins mostra que fumar dois cigarros por dia já coloca o corpo em risco. Aliás, fumar apenas 100 cigarros ao longo da vida é suficiente para aumentar o risco de doenças cardíacas e morte.

A equipa analisou os hábitos de tabagismo de mais de 300.000 adultos durante quase 20 anos e descobriu que homens e mulheres que fumavam apenas dois cigarros por dia tinham um risco 60% maior de morte por qualquer causa em comparação com aqueles que nunca haviam fumado. Além disso, o grupo de fumadores também apresentou um risco 50% maior de doenças cardíacas.
Segundo a Dra. Jennifer Miao, cardiologista da Universidade Yale, o tabagismo é um fator de risco muito bem estabelecido para as doenças cardíacas, pois danifica seriamente o revestimento dos vasos sanguíneos e acelera o desenvolvimento de placas e doenças coronárias. Está ainda associado a problemas de ritmo cardíaco, como fibrilação atrial e acidente vascular cerebral.
O estudo, publicado na revista PLOS Medicine, permitiu concluir que reduzir o consumo de cigarros pode não ser suficiente para reverter os danos. Embora os fumadores atuais apresentassem um risco maior de morte do que os ex-fumadores, estes últimos ainda tinham um risco elevado de doenças cardíacas mais de 20 anos após terem abandonado o hábito.
Há evidências de que fumar mesmo menos de um cigarro por dia pode aumentar diversos desfechos cardiovasculares, e não é algo clinicamente insignificante.
No entanto, tem-se plena consciência da dificuldade que é deixar de fumar: é mais fácil falar do que fazer. Assim, os médicos deveriam identificar as pessoas com maiores dificuldades para abandonar o tabaco e encaminhá-las para recursos e terapias médicas apropriadas para auxiliar na cessação do tabagismo.
A investigação sugere que o benefício de deixar de fumar é mais substancial nos primeiros dez anos após a cessação, no entanto, o corpo precisa de tempo para recuperar e atingir o nível de uma pessoa que nunca fumou.
Isso não significa que deixar de fumar não tenha efeitos imediatos. O risco diminui imediata e significativamente quando uma pessoa deixa de fumar, assim, quanto mais cedo melhor. Importa referir que nenhuma quantidade de cigarros é isenta de riscos e consequências para a saúde.
Os resultados do estudo não são apenas importantes para os pacientes, os médicos também devem considerar mudar a forma como abordam o tabagismo, pois o número de maços de cigarros fumados por ano não é necessariamente um indicador dos riscos para a saúde a longo prazo. Na verdade, não há uma quantidade de cigarros segura, seja fumar um cigarro por dia ou um por semana – deixar de fumar continua a ser a melhor coisa que alguém pode fazer pela sua saúde.