A investigação, a publicar brevemente no Journal of Health Psychology, avaliou repetidamente 123 pessoas, juntamente com os seus amigos próximos e os pais, durante 17 anos, a partir de 1998. Foi analisada ainda uma medida que monitoriza os níveis de colesterol, pressão arterial, glicémia, glóbulos brancos, inflamação e proteína.

Os resultados permitiram concluir que entre a adolescência e a idade adulta alguns fatores estão relacionados com isso. Um desses fatores é o conflito contínuo com os pais no final da adolescência, para além dos níveis contínuos de comportamento hostil – o que se chama de comportamento punitivo – em relação aos amigos próximos durante a faixa dos 20 anos.

As descobertas aumentam o longo historial de estudos em adultos que relacionam futuros problemas cardíacos aos relacionamentos hostis no início da vida. O que é único nesta investigação é que ela sugere que o comportamento real de uma pessoa em relação a outras, conforme relatado pelos seus amigos, prevê não apenas problemas cardíacos, mas vários marcadores que mostram, fisiologicamente, que a pessoa está a deteriorar-se mais depressa do que era suposto.
O estudo incluiu 46 homens e 75 mulheres, e os resultados aplicam-se igualmente a ambos os grupos.

Não se sabe ao certo qual a relação com os pais. De acordo com Joseph Allen, líder do estudo, a literatura e as teorias sugerem que os relacionamentos com as mães, de certa forma, estabelecem um modelo de como a pessoa irá interagir nos seus relacionamentos íntimos e românticos. Os relacionamentos com os pais tendem a prever com mais precisão o desempenho de um filho ou de uma filha no mundo em geral.

Também é possível que o conflito com os pais seja mais intenso, com consequências mais graves. O conflito com as mães, na maioria das famílias, pode levar a gritos e, na pior das hipóteses, a algumas estaladas. Já o conflito com os pais tem muito mais potencial para levar a consequências fisicamente mais sérias.

E mesmo que isso normalmente não aconteça, um pai que grita é mais barulhento e intimidante do que uma mãe, e por isso pode ser que o conflito com os pais pareça mais intenso para o adolescente.

Os pais e os responsáveis pelos adolescentes sabem que estes muitas vezes encaram as suas amizades como uma questão de vida ou morte. Os dados sugerem que, de certa forma, os adolescentes têm razão pois os padrões que estabelecem serão muito importantes no futuro.

Assim, se o seu filho está a ter mais dificuldades do que os outros ou a envolver-se em relacionamentos hostis, isso deve ser considerado um sinal de alerta importante. Será um sinal de alerta não só para a sua saúde mental, para a forma como se estão a relacionar, mas também para o seu desenvolvimento a longo prazo.