NEUROCIÊNCIAS

Neurociência revela benefícios de acariciar animais de companhia

Acariciar um cão ou sentir um gato ronronar no colo são gestos íntimos, quase automáticos. Mas o que acontece no nosso cérebro quando tocamos um animal que amamos? A medicina, e especialmente a neurociência, tem investigado isso e os seus efeitos são mais profundos do que se possa imaginar.

Neurociência revela benefícios de acariciar animais de companhia


Atualmente, graças a estudos em psicologia e neurobiologia, sabe-se que acariciar o animal de estimação pode desencadear uma cascata de processos biológicos que transformam o estado emocional das pessoas e originam benefícios no corpo e mente.

A chave para todo o processo é a ocitocina. Este neurotransmissor, conhecido como a hormona do amor, é libertado ao interagir com os animais de estimação e aumenta tanto em nós como nos animais.
A ocitocina não só fortalece o vínculo emocional, como reduz os níveis de cortisol, a principal hormona do stress. Isso tem um efeito triplo: melhora o humor, reduz a ansiedade e proporciona maior sensação de segurança.

Um estudo publicado em 2024 no Journal of the American Psychological Association mostrou que pessoas com empregos stressantes reduziram significativamente a ansiedade ao acariciar os seus cães. O olhar do cão, a sua busca por afeto e a sua lealdade ajudam a criar uma conexão muito rápida.

O facto de se ter de os levar a passear proporciona dois efeitos adicionais que beneficiam a saúde. Ajuda as pessoas a movimentar-se, fazer algum exercício e socializar, algo especialmente útil para as pessoas mais sedentárias ou sem laços sociais.

Quanto aos gatos, poderia pensar-se que a sua maior independência os prejudicaria, mas não é o caso. De acordo com a neurocientista Laura Elin Pigott, da Universidade de Londres, os donos de gatos relatam frequentemente os mesmos sentimentos de companheirismo e alívio de stress que os donos dos cães, e os estudos cada vez mais corroboram esses relatos.

Um estudo de 2021 no Japão confirmou que gatos e donos aumentaram os níveis de ocitocina quando em contacto próximo. Acariciar o pelo macio de um gato e ronronar ajuda a libertar a hormona, e há evidências de que outras hormonas, como a serotonina e a dopamina, também são responsáveis pelo bem-estar.

Mas essa atividade hormonal relaxante que melhora o bem-estar a curto prazo também tem repercussões a longo prazo. O destaque vai para a melhora cardiovascular. Além de regular a pressão arterial e a frequência cardíaca, no caso dos cães acaba por “forçar” o dono a praticar mais atividade física, o que só aumenta os benefícios.

Outros estudos também apontam benefícios para os gatos. A estimulação cognitiva nos idosos é um deles. Reduzem a sensação de solidão e energizam. Em lares de idosos, programas de terapia assistida por animais demonstraram melhorias na atenção, memória e linguagem.
Além disso, fortalece o sistema imunológico. O contacto com animais de estimação, em geral, pode diminuir o risco de alergias ou asma nos bebés.

Acariciar o nosso cão ou gato não é apenas relaxante, é uma intervenção neurobiológica que modula o sistema límbico e melhora a regulação emocional. Ocorrem melhorias na saúde mental em qualquer pessoa, pelo que os psiquiatras já começaram a considerar o uso de animais de companhia em diversos tratamentos de doenças mentais.

A interação com animais ativa o sistema de recompensa do cérebro, no entanto, o psiquiatra Luis Gutiérrez-Rojas, da Universidade de Granada, enfatiza que não substitui a intervenção clínica na presença de transtornos mentais graves.

Fonte: Tupam Editores

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