Tipo sanguíneo pode determinar envelhecimento mais lento
O número de pessoas em todo o mundo que chegarão aos 100 anos quintuplicará entre agora e 2050. Muitos fatores influenciam essa longevidade, mas os cientistas levam em consideração principalmente o tipo sanguíneo.

Um estudo sueco, publicado na revista GeroScience, que durou 35 anos tinha como objetivo descobrir a relação entre os diferentes tipos sanguíneos e a taxa de envelhecimento de cada pessoa.
O sistema ABO classifica os grupos sanguíneos em tipos A, B, AB e O. Eles diferem dependendo da molécula (ou antígeno) à qual as hemácias (eritrócitos) “se ligam”. E, dependendo de se ter ou não uma proteína na sua superfície – o antígeno RhD – herdado dos pais, uma pessoa será Rh positivo ou Rh negativo.
Das mais de 8 bilhões de pessoas que vivem no mundo, o tipo sanguíneo mais comum é o O+ (mais de 39% da população mundial possui este tipo sanguíneo). No outro extremo, o tipo sanguíneo mais raro é o AB- (negativo): apenas 0,40% o possuem.
Segundo Manuel Esteller, especialista em longevidade, as pessoas com tipo B (com antígeno B na superfície das hemácias e anticorpos anti-A no plasma) tendem a envelhecer mais lentamente. Evidentemente que essa boa predisposição só ajuda se as pessoas seguirem hábitos de vida saudáveis. Caso contrário, o tipo sanguíneo terá pouco impacto na sua saúde e envelhecimento.
Este tipo sanguíneo pode ajudar a viver mais pois o corpo destas pessoas parece adaptar-se melhor às mudanças fisiológicas. Isso torna-as mais eficientes na reparação de células ou na regeneração de tecidos danificados ou envelhecidos.
Além disso, também podem envelhecer mais lentamente porque se cuidarem da sua saúde terão níveis mais baixos de certos biomarcadores. Geralmente, as pessoas que atingem ou ultrapassam os 90 anos tendem a ter um sangue “mais limpo” em termos de glicose (ou índice de resistência à insulina); creatinina (um biomarcador que fornece informações sobre a função renal); homocisteína e triglicéridos; proteína C reativa (relacionada à inflamação); e ácido úrico.
E esse equilíbrio interno torna-se evidente logo a partir dos 60 anos, como o comprovam os estudos que analisam esses parâmetros em relação à expetativa de vida, principalmente os realizados pela Universidade de Stanford, nos EUA.
Curiosamente, de acordo com alguns desses estudos, as pessoas com baixos níveis de colesterol total e ferro têm menor probabilidade de chegar aos 100 anos de idade do que aquelas com níveis mais altos. Todos os dados apurados podem abrir caminho para o desenvolvimento de novas estratégias preventivas e terapêuticas para retardar o envelhecimento acelerado e as doenças a ele associadas.