Cães conseguem detetar a doença de Parkinson antes dos sintomas
O uso de animais para ajudar a detetar e tratar doenças tem uma longa história na medicina. Os animais, especialmente os cães, podem tornar-se melhores médicos do que qualquer especialista, e até superar as técnicas de deteção mais modernas.

Os cães têm uma capacidade olfativa dezenas de milhares de vezes maior que a nossa, o que os torna especialmente hábeis na deteção de compostos voláteis, que nem sabíamos que se produziam.
Um novo estudo demonstrou a capacidade dos nossos melhores amigos de quatro patas para detetar a doença de Parkinson muito antes dos primeiros sinais aparecerem. Mas as suas capacidades vão ainda mais longe.
Nos ensaios, cães treinados conseguiram identificar pessoas doentes com uma sensibilidade de 98%. Esta é uma grande descoberta, pois abre caminho para um método de diagnóstico não invasivo e muito simples.
Além disso, os sinais olfativos que eles detetam na pele surgem muito antes do aparecimento dos sintomas tradicionais da doença, o que permite um tratamento mais precoce e retarda a progressão da doença.
Claire Guest, diretora científica do estudo, realça que atualmente não existe um teste precoce para a doença de Parkinson, e os sintomas podem começar até 20 anos antes de se tornarem visíveis e persistentes. O diagnóstico precoce é fundamental, pois o tratamento pode retardar a progressão da doença e reduzir a intensidade dos sintomas.
Os dois cães utilizados no estudo foram um Golden Retriever e um Labrador Retriever. Mas os Pastores Alemães e os Beagles também são raças muito úteis devido ao seu olfato apurado e temperamento estável.
É difícil incluir cães em procedimentos médicos, pois fatores de treino ou distrações (eles podem estar num dia mau) dificultam essa inclusão, no entanto, cada vez mais estudos científicos comprovam o seu bom trabalho.
Há mais de uma década, a sua excelente capacidade para detetar diabetes também foi confirmada, e estes animais podem ser uma excelente companhia para dar o alarme quando um paciente apresenta uma queda repentina de açúcar no sangue.
Mas os cães não são apenas bons na deteção, também se mostraram eficazes no auxílio ao tratamento. O bom trabalho observado com jovens com doenças psiquiátricas, especialmente depressão, é especialmente significativo. Vários hospitais também usam cães treinados para fazer visitas semanais e interagir com os pacientes.