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Sabe por que o calor afeta mais as mulheres do que os homens?

As ondas de calor representam um risco para a população em geral, mas os estudos indicam que a saúde das mulheres sofre ainda mais do que a dos homens quando as temperaturas sobem. Um amplo estudo internacional sugere que as mulheres podem ser mais vulneráveis às altas temperaturas.

Sabe por que o calor afeta mais as mulheres do que os homens?


O Serviço de Saúde Britânico baseou a sua análise num estudo de 2018 conduzido por investigadores da Universidade de Utrecht, na Holanda. Este trabalho foi realizado com dados da onda de calor que atingiu a França em 2003, que levou a um aumento acentuado na mortalidade durante aquele período. Ao comparar os dados de mortalidade relacionados com o calor, as mulheres apresentaram um risco 15% maior em faixas etárias semelhantes.

Noutro estudo realizado em 2021, cientistas holandeses e alemães analisaram a relação entre mortalidade e ondas de calor no verão nas últimas décadas, tendo constatado a ocorrência de mais mortes entre as mulheres do que entre os homens.
O aumento foi especialmente notável em pessoas com mais de oitenta anos. Essa diferença entre homens e mulheres idosos não é percetível quando se trata de ondas de frio. Os resultados também não parecem ter relação com o facto de as mulheres viverem mais do que os homens.

Não é fácil estabelecer uma única razão para o aumento da mortalidade entre as mulheres. Os especialistas chegaram a algumas conclusões, no entanto, precisam de ser confirmadas.

Uma primeira hipótese são as diferentes reações termorregulatórias que ocorrem no corpo dos homens e das mulheres. Ou seja, os mecanismos para manter a mesma temperatura corporal, que anda à volta de 36,5 graus.

De acordo com o professor Hein Daanen, da Universidade de Amsterdão, as pessoas mais velhas suam metade da quantidade das pessoas mais jovens, e as mulheres suam metade da quantidade dos homens. O suor é um dos mecanismos de termorregulação – a humidade arrefece a pele. As mulheres, portanto, têm menor capacidade de adaptação às temperaturas externas.

Outro facto pode ser o calor, que exerce maior pressão sobre o coração. O stress cardiovascular é maior nas mulheres, e isso pode explicar o maior risco de insuficiência cardíaca devido ao calor.

Mas também há fatores sociais a levar em consideração. Um significativo é que as mulheres, devido à sua maior longevidade, vivem sozinhas em maior número do que os homens. Assim, são forçadas a realizar todas as tarefas domésticas habituais sozinhas, e não têm ninguém para as ajudar caso sintam tonturas ou comecem a apresentar problemas físicos devido ao calor.
Estas suposições, contudo, exigem uma análise mais aprofundada, e um estudo mais detalhado dos dados.

O professor Ollie Jay, fisiologista da Universidade de Sydney, admite que diversos estudos confirmaram que as mulheres jovens transpiram menos do que os homens, no entanto, questiona se isso será suficiente para atribuir um impacto maior às ondas de calor.

Há duas outras explicações possíveis: uma é que as mulheres têm uma temperatura corporal mais alta durante a ovulação e a gravidez. Mas a diferença da massa corporal também é importante. Estatisticamente, as mulheres são menores que os homens. Portanto, em termos simples, têm menos massa corporal e absorvem o calor mais rapidamente.

Muito provavelmente a resposta não é uma só, mas uma combinação de todos esses fatores e até outros que ainda nem foram considerados.

Fonte: Tupam Editores

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