Aumento nos níveis de chumbo associado a pior desempenho escolar
Sabe-se há muito que a exposição das crianças ao chumbo é prejudicial à sua saúde e neurodesenvolvimento. O chumbo perturba e danifica biologicamente o desenvolvimento cerebral e neurológico, e a exposição a este metal tem sido associada a resultados cognitivos, mentais, físicos e sociais adversos a longo prazo.

Em 2021, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças reduziram os valores de referência de chumbo no sangue para 3,5 μg/dL ou mais. São, no entanto, necessárias mais evidências sobre a associação entre alterações nos níveis de chumbo abaixo de 3,5 μg/dL e o desempenho académico.
O objetivo do estudo levado a cabo por investigadores da Universidade de Iowa, em Iowa City, era analisar a associação de uma alteração de 1 unidade nos níveis de chumbo no sangue na primeira infância abaixo de 3,5 μg/dL versus 3,5 μg/dL ou mais no desempenho académico.
O estudo de coorte, publicado online no JAMA Network Open, relacionou certidões de nascimento de crianças nascidas em Iowa entre 1989 e 2010 com as suas notas em testes de matemática e de leitura do 2º ao 11º ano e ainda com os seus resultados de testes de chumbo no sangue na primeira infância. As análises foram concluídas entre maio de 2024 e março de 2025.
A amostra analítica incluiu até 305.256 crianças e 1782.873 observações por ano escolar. Na amostra analítica, 51,0% das crianças eram do sexo masculino, 41,1% eram primogénitos e 43,9% eram filhos de mães com escolaridade igual ou inferior ao ensino médio. A idade média das crianças no momento do teste de chumbo foi de 1,9 (1,5) anos.
George L. Wehby, um dos investigadores envolvidos, constatou que entre essas crianças, 37,7% apresentaram valores de chumbo abaixo de 3,5 μg/dL. Um aumento de 1 unidade nos níveis de chumbo abaixo de 3,5 μg/dL foi associado a pontuações mais baixas no National Percentile Rank (NPR) em matemática e leitura (em -0,47 e -0,38, respetivamente).
Para níveis de chumbo de 3,5 µg/dL ou superiores, um aumento de 1 unidade nos níveis de chumbo também foi associado a pontuações mais baixas no NPR em matemática e leitura (-0,52 e -0,56, respetivamente). Os declínios nessas pontuações foram persistentes do 2º ao 11º ano.
Para Wehby, as descobertas corroboram a necessidade de reconsiderar e potencialmente reduzir os valores de referência atuais para o chumbo no sangue para recomendar intervenções adicionais.