Medicamento para diabetes pode reduzir risco de demência
Investigadores da Faculdade de Medicina Case Western Reserve descobriram que a semaglutida, um medicamento comum para a diabetes e a perda de peso, pode reduzir o risco de demência em pessoas com diabetes tipo 2 (DT2).

A demência, uma condição que lentamente vai dificultando a memorização e o raciocínio claro, ocorre quando as células cerebrais são danificadas e as suas conexões deixam de funcionar corretamente. Esse dano, que piora com o tempo, pode ser originado por vários fatores modificáveis, incluindo obesidade, DT2, doenças cardiovasculares, traumatismo cranioencefálico e acidente vascular cerebral.
Os estudos indicam que quase metade dos casos de demência poderiam ser prevenidos, se se abordassem os fatores de risco modificáveis.
O estudo, publicado no Journal of Alzheimer's Disease, revelou que os pacientes com DT2 que tomam semaglutida tinham um risco significativamente menor de desenvolver demência em comparação com outros medicamentos antidiabéticos. Esses resultados foram mais expressivos em mulheres e em idosos.
A semaglutida – uma molécula receptora de peptídeo semelhante ao glucagon (GLP-1R) que diminui a fome e ajuda a regular o açúcar no sangue em pacientes com DT2 –, demonstrou uma ampla gama de benefícios, incluindo a redução de doenças cardiovasculares.
Para o estudo, a equipa de especialistas, liderada pela professora Rong Xu, analisou três anos de registos eletrónicos de quase 1,7 milhão de pacientes com DT2 em todo o país. Para isso foi utilizada uma abordagem estatística que simula um ensaio clínico randomizado.
Os resultados permitiram descobrir que os pacientes que foram medicados com semaglutida apresentaram um risco significativamente menor de demência relacionada à doença de Alzheimer, em comparação com aqueles que tomaram qualquer um dos outros sete medicamentos antidiabéticos, incluindo outros tipos de medicamentos direcionados ao GLP-1R.
Não existe cura ou tratamento eficaz para a demência, pelo que o novo estudo fornece evidências reais do seu potencial impacto na prevenção ou no retardar do desenvolvimento da demência numa população de alto risco.
De acordo com Xu, embora as descobertas potencialmente apoiem a ideia de que a semaglutida pode prevenir a demência, as limitações do estudo impedem os investigadores de tirar conclusões causais definitivas. A investigação sobre o uso da semaglutida na prevenção da demência ainda necessita de ser mais investigada através de ensaios clínicos randomizados.