OBESIDADE

Obesidade contribui para ansiedade e comprometimento cognitivo

As taxas de ansiedade e de obesidade continuam a aumentar. Um estudo conduzido em ratinhos relacionou a obesidade induzida pela dieta a sintomas semelhantes aos da ansiedade, alterações na sinalização cerebral e diferenças na microbiota intestinal que podem contribuir para o comprometimento do funcionamento cerebral.

Obesidade contribui para ansiedade e comprometimento cognitivo


De acordo com Desiree Wanders, da Georgia State University, as descobertas sugerem que a obesidade pode levar a comportamentos semelhantes aos da ansiedade, possivelmente devido a alterações tanto na função cerebral quanto na saúde intestinal.

Embora esteja bem estabelecido que a obesidade pode levar a condições como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas, os potenciais impactos na saúde cerebral são menos claros. Para investigar a relação entre a obesidade, a função cognitiva e a ansiedade, os investigadores realizaram uma série de experiências usando um modelo murino que desenvolve muitos dos problemas relacionados à obesidade observados nos humanos.

O estudo, que foi apresentado na Nutrition 2025, que se realizou recentemente em Orlando, na Flórida, incluiu 32 ratinhos machos. Das seis às 21 semanas de idade – um período equivalente à adolescência até ao início da idade adulta em humanos – metade dos animais foi alimentada com uma dieta com baixo teor de gordura e a outra metade com uma dieta rica em gordura.
No fim desse período, os ratinhos com uma dieta rica em gordura pesavam significativamente mais e tinham significativamente mais gordura corporal do que aqueles alimentados com uma dieta com baixo teor de gordura.

Em testes comportamentais, a equipa descobriu que os animais obesos apresentaram mais comportamentos semelhantes à ansiedade, como o congelamento (um comportamento defensivo que os ratinhos exibem em resposta a uma ameaça percebida), em comparação com os animais magros.
Esses ratinhos também apresentaram diferentes padrões de sinalização no hipotálamo, uma região do cérebro envolvida na regulação do metabolismo, o que pode contribuir para comprometimentos cognitivos.

Observaram-se ainda diferenças distintas na composição das bactérias intestinais nos ratinhos obesos em comparação com os magros. Essas descobertas vão de encontro às evidências que apontam para o papel do microbioma intestinal na regulação do comportamento.

O estudo destaca o impacto potencial da obesidade na saúde mental, particularmente em termos de ansiedade. Ao compreender as conexões entre dieta, saúde cerebral e microbiota intestinal, a investigação pode ajudar a orientar iniciativas de saúde pública focadas na prevenção da obesidade e na intervenção precoce, particularmente em crianças e adolescentes.

Embora as descobertas sugiram que a dieta desempenha um papel significativo na saúde física e mental, é importante lembrar que ela é apenas uma peça do quebra-cabeças. Fatores ambientais, genética, escolhas de estilo de vida e estatuto socioeconómico também contribuem para o risco de obesidade e para os desfechos de saúde associados.

Assim, embora os resultados do estudo sejam importantes, devem ser considerados no contexto de uma abordagem multifatorial mais ampla para compreender e abordar os comprometimentos cognitivos e os problemas de saúde mental relacionados à obesidade.

Fonte: Tupam Editores

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