Intervenção precoce com terapia da fala reduz risco de psicose
A terapia da fala pode ser fundamental para reduzir significativamente o risco de desenvolver psicose em pacientes com sintomas de ansiedade e depressão, sugere um estudo realizado pela Universidade de Southampton, no Reino Unido.

A investigação, publicada no jornal BJPsych Open, descobriu que alguns ajustes simples na terapia cognitivo-comportamental (TCC) podem fazer uma enorme diferença para as pessoas em risco de desenvolver psicose. A introdução de algumas perguntas adicionais no início da TCC permite que os médicos identifiquem aqueles em risco de desenvolver o transtorno psicológico.
De acordo com a Professora Katherine Newman-Taylor, muitas das pessoas que recorrem aos serviços de Terapia do NHS para ansiedade e depressão têm experiências psicóticas de nível baixo, mas não as relatam e como os médicos não são treinados para as identificar, acabam por passar despercebidas. O problema é que, ao passarem despercebidas, é improvável que as pessoas recuperem.
A psicose afeta cerca de 1 em cada 100 pessoas. Os sintomas incluem ouvir vozes e ver coisas, além de crenças incomuns, como paranoia ou grandiosidade. Normalmente, o transtorno permanece sem tratamento durante um a dois anos, devido a fatores como a própria pessoa não identificar inicialmente a existência de um problema, o estigma associado à condição e a demora nos serviços de saúde mental.
A doença apresenta-se numa escala móvel. Algumas pessoas podem ter experiências do tipo psicótico que não são particularmente problemáticas. Para outras, essas experiências podem ser perturbadoras, mas devido ao estigma associado podem sentir-se envergonhadas ou com medo de pedir ajuda.
A psicose estabelecida pode ser muito incapacitante. A doença é um continuum, e pode-se ajudar as pessoas muito mais cedo, quando ainda apresentam sintomas pouco graves.
Os especialistas trabalharam com pacientes que procuravam ajuda para tratar a ansiedade ou depressão, e descobriram que a TCC minimamente adaptada é aceitável para eles, provavelmente melhora os resultados para a ansiedade, depressão e risco de psicose e pode ser aplicada nas terapias da fala do NHS.
Sabe-se que as pessoas que procuram a terapia da fala têm problemas mais complexos do que aqueles para os quais o serviço foi desenvolvido. Além disso, muitas vezes os pacientes têm vergonha ou medo de falar sobre as suas experiências incomuns. Assim, se se puder intervir precocemente, pode-se evitar que alguns desenvolvam psicose.