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Medicamento pode interromper sintomas que precedem a enxaqueca

Uma enxaqueca não é apenas uma forte dor de cabeça. Pode vir acompanhada de outros sintomas, como sensibilidade à luz ou ruído, tonturas, fadiga e dor no pescoço. É caracterizada por dores agudas e dolorosas, geralmente num lado da cabeça, como uma sensação de pulsação intensa, e pode durar de algumas horas a dois ou três dias.

Medicamento pode interromper sintomas que precedem a enxaqueca


Lidar com enxaquecas inclui técnicas preventivas e medicamentos para aliviar a dor. As técnicas preventivas incluem relaxamento, mudanças no estilo de vida e, em casos muito graves, medicamentos antidepressivos que comprovadamente são eficazes na redução da frequência das crises.
Para aliviar a dor recorre-se aos analgésicos habituais, desde ibuprofeno para casos leves, até aos triptanos, que ajudam a reduzir a inflamação dos vasos sanguíneos, já que a causa final das enxaquecas é o estreitamento de uma artéria na cabeça.

Mas um estudo conduzido pelo King's College London, e publicado na revista Nature Medicine, revelou que um novo medicamento, o Ubrogepant, permite proporcionar um alívio mais abrangente dos sintomas. Comprovou-se com sucesso na fase três de ensaios clínicos que ele é útil não apenas para as enxaquecas, mas também antes delas surgirem, ou seja, o medicamento poderá ser o primeiro tratamento para outros sintomas da enxaqueca, que não são dor.

As enxaquecas podem ser precedidas horas antes pelo que se designa de sintomas prodrómicos (tonturas, dor no pescoço, fadiga, problemas de concentração ou hipersensibilidade à luz ou ao ruído). Até agora todos os medicamentos estavam direcionados para a dor, e não havia forma de interromper esses sintomas.

Mas o Ubrogepant também é eficaz nesses casos. Foi a conclusão a que se chegou quando se deu o medicamento aos 438 voluntários que participaram do ensaio. Os participantes tinham idades compreendidas entre os 18 e os 75 anos, todos com histórico de enxaqueca. Alguns tomaram o medicamento e outros um placebo.

Aqueles que tomaram o medicamento ao primeiro sinal de sintomas prodrómicos relataram melhora na concentração novamente numa hora, menos problemas com a luz em duas horas e menos fadiga e dor no pescoço em três horas.

A hipersensibilidade ao som e as tonturas também diminuíram entre 4 e 24 horas após a toma da medicação. Em 46% dos participantes, o medicamento foi igualmente eficaz na prevenção de dores de cabeça moderadas ou intensas. Tudo isto em comparação com o grupo placebo, que teve 29% de casos sem dor de cabeça.

O facto de o Ubrogepant ter passado pela fase três dos testes clínicos como tratamento para sintomas pré-existentes é um sinal positivo para a sua aprovação na Europa. Nos Estados Unidos o medicamento já está no mercado desde 2019, agora cabe à Agência Europeia de Medicamentos decidir se aprova a sua venda.

Segundo o neurologista Charly Gaul, o Ubrogepant tem boa tolerabilidade e pode ser especialmente interessante no tratamento agudo de pacientes que não toleram triptanos ou para os quais os triptanos não têm efeito.
Uma vantagem óbvia sobre os triptanos é que esses medicamentos são tomados assim que a dor começa, enquanto o Ubrogepant foi desenvolvido para ser tomado mal os sintomas começam a manifestar-se. Além disso, não causa vasoconstrição pelo que é especialmente indicado para pessoas com riscos cardíacos.

Fonte: Tupam Editores

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