Doentes com psoríase grave correm maior risco de doença cardíaca
O maior estudo realizado até à data a explorar a relação entre a psoríase grave e a disfunção microvascular coronária (DMC), permitiu descobrir evidências de que os pacientes com psoríase grave apresentam maior risco cardiovascular.
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PSORÍASE CONHECER PARA DESMISTIFICAR
De entre as várias doenças que afectam a pele, uma das mais comuns e provavelmente das mais desconhecidas é a psoríase. Conhecer a Psoríase é fundamental para a desmistificar. LER MAIS
Durante a investigação, publicada no Journal of Investigative Dermatology, um total de 503 pacientes com psoríase e sem doença cardiovascular clínica foram submetidos a um ecodopplercardiograma transtorácico para avaliar a microcirculação coronária. Do grupo de participantes, 55 foram excluídos das análises devido à falta de dados. Os especialistas descobriram que 31,5% dos 448 pacientes restantes tinham uma alta prevalência de DMC.
Stefano Piaserico, da Universidade de Padua, relembra que estudos anteriores já haviam demonstrado que pacientes com psoríase grave apresentavam um aumento da morbidade e mortalidade cardiovascular. No entanto, as pesquisas sobre os mecanismos específicos subjacentes a este risco aumentado são limitadas, particularmente no que diz respeito à DMC.
O objetivo dos especialistas era investigar mais a fundo a prevalência da DMC, avaliada pela Reserva de Fluxo Coronária (CFR), em pacientes com psoríase grave e a sua associação com a gravidade e duração da psoríase, assim como outras características dos pacientes.
Os resultados do estudo revelaram que a gravidade da psoríase – avaliada pela pontuação do Índice de Gravidade da Psoríase por Área (PASI) – e a duração da doença foram independentemente associadas a uma CFR mais baixa, juntamente com a presença de artrite psoriática.
Além disso, os fatores de risco cardiovasculares convencionais, como o tabagismo, a hiperlipidemia e a diabetes mellitus, não foram independentemente associadas à redução da CFR em pacientes com psoríase grave. Esses descobertas enfatizam a importância de considerar fatores relacionados à inflamação e à psoríase na avaliação do risco cardiovascular em pacientes com psoríase grave.
Os resultados ajudam a esclarecer o potencial mecanismo pelo qual a psoríase aumenta o risco de complicações cardiovasculares nos indivíduos afetados, de acordo com estudos anteriores sobre condições inflamatórias crónicas, como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistémico e esclerose sistémica. O estudo apoia o papel da inflamação sistémica no desenvolvimento da DMC.
Segundo o investigador principal deveria diagnosticar-se e procurar ativamente a DMC em pacientes com psoríase, uma vez que esta população apresenta um risco particularmente elevado.