Depressão: três em cada dez portugueses já foram diagnosticados
Um estudo promovido pela farmacêutica Lundbeck Portugal para perceber a visão dos portugueses sobre a depressão apurou que três em cada dez já foram diagnosticados com depressão, e seis já sentiram sinais da doença nalgum momento da sua vida.
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A depressão é uma das mais frequentes doenças psiquiátricas. Pode afectar todas as pessoas em qualquer idade e, se não for tratada, pode, em última análise, levar ao suicídio. LER MAIS
Fizeram parte do inquérito, denominado “ A visão dos portugueses sobre a depressão”, um total de 1.215 inquiridos, que foram contactados telefonicamente, entre os dias 27 de setembro e 3 de outubro de 2022. Todos os indivíduos eram maiores de idade e residentes em território nacional. A margem de erro do estudo é de 2,81% para um intervalo de confiança de 95%.
Os dados indicaram que 33,6% dos inquiridos já tinha sido diagnosticado com a doença por um profissional de saúde. Os resultados não surpreenderam o psiquiatra Gustavo Jesus, no sentido em que Portugal é dos países do mundo com maiores taxas desta doença mental.
De acordo com o estudo, 62,1% dos portugueses sentiu que estava com uma depressão em algum momento da sua vida e 77,3% tem ou já teve um amigo ou familiar próximo a quem foi diagnosticada a doença. O problema é que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não consegue dar a resposta necessária face à elevada prevalência da doença no país, nomeadamente nos cuidados de saúde primários.
Apesar de os médicos de família estarem aptos a fazer o diagnóstico, estes estão em falta. Há muitos portugueses que não têm médico de família e, os que os têm, sentem dificuldade no acesso.
A situação agrava-se quando os doentes têm de ser referenciados dos cuidados de saúde primários para a psiquiatria hospitalar, pois os tempos de espera para a primeira consulta no hospital têm vindo a aumentar sucessivamente.
Os portugueses parecem não ter dúvidas de que a depressão é uma doença, mas 28,5% ainda consideram que se trata de um estado de espírito e 29% tem a perceção de que é crónica, o que não é verdade na maior parte dos casos. Já o número dos que consideram que a doença é pouco valorizada pela sociedade ascende aos 70%.
No que diz respeito à sintomatologia, a tristeza (91,3%) e a perda da autoestima/confiança (89,6%) são os dois sintomas que maior número de participantes associa à depressão, logo seguida pela falta de prazer e de interesse (85,3%), ansiedade (82,3%), o cansaço físico ou diminuição de energia (81,9%) e, finalmente, os problemas cognitivos, como a falta de concentração, a dificuldade em planear, a indecisão, os lapsos de memória ou o raciocínio lento (76%).
Segundo o médico psiquiatra, na maior parte dos casos, a depressão é uma doença aguda, que deve ser tratada no momento em que é diagnosticada, e que não evoluiu para uma situação crónica na maioria das situações. Embora não seja sempre uma doença crónica é, neste momento, a doença responsável por mais dias de vida doentes no mundo.
A depressão é um dos problemas de saúde mental mais comum, sendo que 1 em cada 4 pessoas vão sofrer de depressão em qualquer ponto das suas vidas. Afeta cerca de 350 milhões de pessoas no mundo, e Portugal destaca-se como um dos países da Europa com maior prevalência de doenças psiquiátricas: cerca de 700 mil pessoas vivem com sintomas depressivos.