CANCRO

Estudo revela vulnerabilidade epigenética da LMA

A leucemia mieloide aguda (LMA) é um cancro do sangue agressivo que causa acúmulo descontrolado de glóbulos brancos. Devido ao prognóstico desta doença, investigadores de todo o mundo estão à procura de novas formas de tratar a LMA, preservando o desenvolvimento normal dos glóbulos no sangue.

Estudo revela vulnerabilidade epigenética da LMA

DOENÇAS E TRATAMENTOS

CANCRO, INVESTIGAÇÃO E NOVAS TERAPIAS


Uma equipa de especialistas do Baylor College of Medicine e de outras instituições descobriu uma nova vulnerabilidade deste tipo de cancro que pode ser alvo de uma classe de medicamentos experimentais. Esses medicamentos têm como alvo um complexo proteico denominado SWI/SNF, que muitas células usam para tornar o ADN mais aberto e acessível. A acessibilidade do ADN influencia fortemente a expressão génica, controlando o que é conhecido como o estado epigenético da célula.

Os autores do estudo, publicado na revista científica Cancer Research, mostraram que os medicamentos que inibem o SWI/SNF induzem uma resposta terapêutica profunda em linhas celulares de LMA, de modelos animais e de amostras de LMA humano. Nos animais, essa estratégia causou uma rápida regressão do cancro em poucos dias.

Ao comparar as suas descobertas das células LMA com as células sanguíneas normais, a equipa descobriu que o fármaco direcionado ao SWI/SNF causava alterações específicas no desenvolvimento do sangue, no entanto, esses efeitos colaterais foram controlados e rapidamente revertidos após tratamento.

No decorrer do estudo, os investigadores também descobriram mecanismos importantes relacionados ao SWI/SNF. Descobriu-se, por exemplo, que as células da LMA sequestram um programa de regulação genética que envolve o SWI/SNF e uma outra proteína chamada PU.1. Este programa é normalmente usado para produzir glóbulos brancos saudáveis.

Deve-se pensar no ADN de cada célula como um enorme labirinto com muitas portas atrás das quais estão os genes que contêm instruções sobre como produzir proteínas. A maioria dessas portas não leva a genes de interesse para uma célula sanguínea, logo, essas células precisam de saber quais as portas que levam aos genes específicos de que necessitam. E é aqui que a PU.1 desempenha um papel.

Descobriu-se que a PU.1 sinaliza as portas que levam a genes de interesse para certas células sanguíneas, e no caso das células LMA, esses sinalizadores marcam genes que promovem o crescimento da LMA, chamados oncogenes. A PU.1 marca as portas, mas não as consegue abrir, então surge o SWI/SNF.

O SWI/SNF é um complexo proteico que medeia o acesso ao ADN. Depois de a PU.1 marcar um local de interesse, o SWI/SNF entra e abre essa porta, permitindo a expressão dos oncogenes que sustentam a LMA. A equipa descobriu que algumas amostras de LMA são muito mais dependentes desse mecanismo do que as células sanguíneas normais.

Os investigadores descobriram ainda que os fármacos que bloqueiam a capacidade do SWI/SNF de abrir a porta para a ativação do gene na LMA interrompem o crescimento do tumor ao interferir na expressão desses oncogenes.

Para a equipa foi muito emocionante observar a eficácia dos inibidores de SWI/SNF no tratamento da LMA em modelos animais. Até porque o efeito foi mais profundo do que se esperava.

A LMA é normalmente muito difícil de tratar. A rápida regressão do tumor que se viu em resposta aos inibidores de SWI/SNF encorajou os especialistas a continuar a sua investigação sobre vulnerabilidades semelhantes da AML e de outros tipos de cancro.

Fonte: Tupam Editores

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