Em testes em laboratório, extratos das flores da vara-de-ouro alta (Solidago altíssima) e dos rizomas do feto-comum (Pteridium aquilinum) bloquearam a entrada do Sars-CoV-2 nas células humanas. Convém referir que os compostos ativos estão presentes apenas em quantidades minúsculas nestas plantas, pelo que seria ineficaz e potencialmente perigoso para as pessoas tentarem tratar-se com eles. Aliás, os investigadores alertam que o feto-comum é tóxico.

Segundo a professora Cassandra Quave, ainda se está no início do processo, mas o objetivo é identificar, isolar e aumentar a quantidade das moléculas dos extratos que mostraram atividade contra o vírus. Depois de se isolarem os ingredientes ativos, o plano é testar melhor a sua segurança e o potencial a longo prazo como medicamento contra a Covid-19.

A professora Quave é uma etnobotânica que estuda como os povos tradicionais usam as plantas para fins medicinais, com o objetivo de identificar novos candidatos promissores para medicamentos modernos. Durante os muitos anos de investigação, construiu uma biblioteca dessas plantas que contém milhares de produtos naturais botânicos e fúngicos extraídos de plantas recolhidas por todo o mundo.

Em investigações anteriores para identificar moléculas potenciais para o tratamento de infeções bacterianas resistentes a medicamentos, a equipa concentrou-se em plantas que os povos tradicionais usavam para tratar inflamações da pele.

Como a Covid-19 é uma doença emergente, os investigadores decidiram aproveitar a sua biblioteca para procurar medicamentos para tratar a doença. Para o efeito foi criado um método que permitiu testar rapidamente mais de 1800 extratos quanto à atividade contra o Sars-CoV-2.

Ficou provado que esta biblioteca de produtos naturais é uma ferramenta poderosa para ajudar na busca de potenciais tratamentos para uma doença emergente. Outros especialistas podem adotar este método de triagem para procurar outros compostos em plantas e fungos que poderão levar a novos medicamentos para tratar uma variedade de patógenos.

As plantas têm uma complexidade química tão grande que os humanos provavelmente não conseguiriam imaginar todos os compostos botânicos que estão à espera de serem descobertos. O vasto potencial medicinal das plantas destaca a importância de preservar os ecossistemas. Os resultados deste estudo foram publicados na revista Scientific Reports.