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Dor crónica: mais de metade dos doentes não segue tratamento

O tratamento da dor crónica é feito frequentemente com recurso a fármacos, no entanto, mais de 50 por cento dos doentes não toma a medicação conforme as indicações do médico prescritor.

Dor crónica: mais de metade dos doentes não segue tratamento

DOENÇAS E TRATAMENTOS

DEMÊNCIA

Esta foi uma das principais conclusões de um estudo desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), que procurou compreender e descrever os motivos que levam os doentes a abandonar o tratamento prescrito, refere a instituição de ensino no seu portal de notícias.

A investigação acompanhou, durante um ano, um total de 562 pacientes, que foram encaminhados para uma primeira consulta nas Unidades de Dor dos cinco hospitais do grande Porto.

Os resultados evidenciaram que cerca de 37 por cento dos doentes deixou de seguir um dos tratamentos ou alterou a sua toma ao final de sete dias. A taxa de “não adesão” aumentou para mais de 50 por cento durante os 12 meses de avaliação, “comprometendo a persistência dos tratamentos”, explicam os autores do trabalho.

“A não adesão significa que um paciente decidiu, ao longo deste período, não seguir a prescrição do médico, seja por não tomar um determinado medicamento ou por alterar as doses e ou horários”, esclarece Rute Sampaio, investigadora e docente da FMUP.

Entre os fatores que motivaram a não adesão dos doentes aos tratamentos, os investigadores identificaram 13 categorias diferentes. “Constrangimentos financeiros”, “comunicação pobre com o profissional de saúde”, “efeitos secundários percebidos” e “perceção de baixa necessidade” foram algumas das justificações dadas pelos doentes.

Os investigadores constataram também que alguns desses motivos se relacionavam com os diferentes grupos farmacoterapêuticos específicos para a dor crónica. Por esse motivo, acreditam que esta identificação “poderia fornecer informações confiáveis para desenvolver novas intervenções para prevenir e reduzir comportamentos de não adesão”.

Os autores consideram que “ainda há um longo caminho a percorrer na área da Adesão Terapêutica”. “Dar informação clara e concisa; simplificar o regime terapêutico; melhorar a comunicação médico-doente e promover a motivação para comportamentos de saúde, podem ser alguns dos caminhos a seguir para melhorar a adesão dos doentes aos tratamentos prescritos”, conclui Rute Sampaio.

Intitulado ‘Non-Adherence to Pharmacotherapy: A Prospective Multicentre Study About Its Incidence and Its Causes Perceived by Chronic Pain Patients’, o artigo científico é assinado pelos investigadores Rute Sampaio, Luís Filipe Azevedo, Cláudia Camila Dias e José M. Castro Lopes.


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