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OMS alerta para falta de enfermeiros

A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou, no Dia Mundial da Saúde, o primeiro relatório sobre a situação da enfermagem no mundo e deixa o alerta: é preciso investir na enfermagem.

OMS alerta para falta de enfermeiros

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Para a diretora do Centro Colaborador da OMS para a Prática e Investigação em Enfermagem sediado na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), professora Ananda Fernandes, esta é uma oportunidade para Portugal reavaliar opções políticas em matéria de formação, emprego e exercício profissional dos enfermeiros.

O documento, feito em parceria com o Conselho Internacional de Enfermeiros e o projeto Nursing Now, faculta “as mais recentes evidências e as opções políticas para a força de trabalho de enfermagem a nível global”, apresentando “um argumento convincente para investimentos consideráveis e exequíveis” em cada uma daquelas três áreas: educação, emprego e liderança.

Neste relatório, OMS e parceiros destacam, uma vez mais, “a centralidade dos enfermeiros” para que seja possível atingir a cobertura universal em saúde.  Os enfermeiros continuam a constituir o maior grupo ocupacional no setor de saúde, com quase 28 milhões em todo o mundo (aproximadamente 59 por cento dos profissionais de saúde). 

De acordo com este documento, persiste, contudo, a escassez de enfermeiros à escala global (embora com uma diminuição ligeira, de 6,6 milhões em 2016 para 5,9 milhões em 2018), sendo que quase 90 por cento desta falta de profissionais está concentrada em países de baixa e média renda (países em desenvolvimento).

O relatório admite que, até 2030, a escassez de enfermeiros poderá atingir os 5,7 milhões de profissionais de enfermagem (sobretudo em África, no sudeste da Ásia e no leste do Mediterrâneo), o que só será contrariado se todos os países aumentarem, em média, oito por cento no número total de enfermeiros formados anualmente, melhorando políticas de emprego e medidas de retenção.

Entre as principais áreas de preocupação referidas no relatório, destaca-se, por exemplo, o envelhecimento da força de trabalho em saúde, especialmente nas regiões americana e europeia, recomendando a OMS que, nos países com maior participação de enfermeiros com 55 anos ou mais, se aumente o número de graduados. 

A enfermagem continua a ser uma profissão exercida sobremaneira por mulheres (90 por cento da força de trabalho de enfermagem é do sexo feminino), o que não se reflete, todavia, na liderança, adverte o relatório, que aponta para evidências de discriminação baseada no género, no ambiente de trabalho e a nível salarial.

De acordo com a diretora do Centro Colaborador da OMS para a Prática e Investigação, Ananda Fernandes, “pela primeira vez, e no Ano Internacional do Enfermeiro”, há “dados que permitem traçar o panorama global sobre a enfermagem em todo o mundo”.
A professora da ESEnfC nota que “as conclusões deste relatório”, para o qual o Centro Colaborador da OMS que dirige também contribuiu, “apelam aos governos que reconheçam que investir na enfermagem é essencial para obter a cobertura universal em saúde e atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030”. 

E “também em Portugal a publicação deste relatório é uma oportunidade para serem reavaliadas, com base em evidências, as opções políticas de formação, emprego e exercício profissional dos enfermeiros”, sublinha Ananda Fernandes.

“Mais do nunca, a atual situação de pandemia torna visível a importância de ter uma força de trabalho em enfermagem qualificada, a trabalhar no patamar mais elevado do seu nível de preparação e a participar na definição das políticas de saúde”, advoga, ainda, a diretora do Centro Colaborador da OMS.

Ao citar o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, segundo o qual os enfermeiros são a espinha dorsal de qualquer sistema de saúde, Ananda Fernandes salienta que, “em muitos países, [eles] são os únicos agentes de saúde e fazem a diferença na vida das pessoas e nas comunidades”. 

“O retorno do investimento na enfermagem para as sociedades e para as economias pode ser medido pela melhoria da saúde e bem-estar das populações, pela criação de milhões de postos de trabalho qualificado e pela redução das desigualdades de género”, explica a responsável do Centro Colaborador da OMS para a Prática e Investigação em Enfermagem.

Fonte: Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC

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