Cientistas medem temperatura de órgãos internos recorrendo a luz
Os termómetros são ideais para medir a temperatura na superfície do corpo, mas os médicos precisam de ser capazes de monitorizar e controlar a temperatura corporal interna em alguns pacientes graves, como naqueles que sofreram ataques cardíacos ou lesões na cabeça.
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Até agora, esse procedimento é feito com mais frequência inserindo um pequeno tubo através dos vasos sanguíneos. Mas cientistas internacionais estão a procurar novas vias menos invasivas para monitorizar a temperatura no interior do corpo.
O investigador Masaharu Ohashi, da Universidade de Tohoku, no Japão, propõe uma técnica inusitada: o cientista sintetizou um pó branco e biocompatível que brilha quando é aquecido. Ou seja, se o paciente estiver com febre, o material aumenta a intensidade do seu brilho.
A ideia é que o pó possa ser usado para monitorizar de forma não invasiva a temperatura de órgãos específicos.
O componente principal do pó-termómetro é a zircónia, um material sintético largamente disponível, quimicamente estável e não tóxico. Quando aquecido, os seus cristais ficam energizados, libertando eletrões. Esses eletrões recombinam-se com cargas positivas na estrutura molecular do cristal, um processo que faz com que os cristais emitam luz.
Além de testar a luminosidade do material, aquecendo-o com um laser infravermelho e com uma lâmpada ultravioleta, a equipa demonstrou que a variação da luminescência da zircónia é visível a olho nu quando colocada atrás de uma amostra óssea e outros tecidos biológicos.
Como a luz de um laser que emite luz no infravermelho próximo penetra nos tecidos, os cientistas propõem injetar o pó na forma de uma solução em água e direcionar o laser para o local específico que se deseja monitorizar, incluindo o cérebro. A intensidade e a longevidade da luminescência dependerão da temperatura no local.
“Embora este estudo fundamental deixe algumas questões importantes por resolver, este trabalho é uma aplicação nova e promissora de [substâncias luminescentes sintéticas] no campo da medicina”, concluíram os cientistas.