ALIMENTAÇÃO

Impacto da redução do consumo de sal na saúde dos portugueses

Investigadores vão realizar um estudo para avaliar o impacto na saúde dos portugueses de um programa de reeducação alimentar de redução do consumo do sal, no âmbito do programa “Menos Sal Portugal”, que acaba de ser lançado em Lisboa.

Impacto da redução do consumo de sal na saúde dos portugueses

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A NOVA FARMÁCIA

Lançado pela CUF e pelo Pingo Doce, o programa visa consciencializar os portugueses para a importância de melhorarem os seus hábitos alimentares em relação ao consumo de sal, que, em Portugal, é o dobro da quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde (cinco gramas de sal diárias para um adulto e até três gramas para as crianças).

O programa inicia-se com a realização do “estudo inédito” que envolve 500 voluntários, entre os 20 e os 70 anos, da área metropolitana de Lisboa, que vão integrar, entre março e maio, um programa de educação alimentar que visa a redução do consumo do sal, sendo acompanhados e orientados por equipas especializadas.

“Esperamos que a mudança no estilo de vida, sobretudo nos hábitos alimentares, tenha um impacto favorável na população em estudo e que as alterações observadas se traduzam em ganhos de saúde duradouros”, afirmou Conceição Calhau, uma das coordenadoras do estudo, professora da Nova Medical School e investigadora do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS).

Em declarações aos jornalistas, à margem da apresentação do programa, Conceição Calhau, explicou que os portugueses estão a consumir diariamente 10,7 gramas de sal cada e que apenas quatro por cento da população consome o nível adequado.

Depois de feito este diagnóstico nos estudos de observação, o estudo de intervenção agora lançado vai “condicionar e modificar estilos de vida”, para que, no final das 12 semanas de intervenção, a população esteja a consumir menos sal e haja ganhos em saúde em termos de pressão arterial, risco cardiovascular e excesso de peso.

Esta iniciativa foi saudada por Maria João Gregório, da Direção-Geral da Saúde (DGS), afirmando, na apresentação do “Menos Sal Portugal”, que é “um programa determinante para obter ganhos adicionais na saúde”.

“Portugal, atualmente, tem uma estratégia na área de redução de consumo de sal na população portuguesa, que consome mais do dobro do recomendado pela OMS e, portanto, a intervenção nesta área requer implementar um conjunto de medidas que promovam a literacia da população portuguesa e este projeto pode dar resposta a essa necessidade”, adiantou Maria João Gregório aos jornalistas.

Em paralelo, são necessárias medidas que modifiquem a oferta alimentar, por exemplo, em alguns espaços públicos ou que incentivem a reformulação dos teores do sal em alguns alimentos.

Neste momento, a DGS está a trabalhar em parceria com a indústria para definir protocolos de colaboração para reduzir, até 2021, o teor de sal em alimentos como tostas, cereais de pequeno-almoço, queijo, sopa pronta a consumir, batatas fritas e outros snacks e também bolachas e biscoitos.

Segundo Maria João Gregório, foi também realizado um “protocolo mais ambicioso” com as associações dos industriais da panificação para reduzir de 1,4 para um grama de sal por 100 gramas de pão, em 2021.

Na apresentação do programa, Jorge Polónia, coordenador do estudo e investigador do CINTESIS, afirmou que “Portugal é um país salgado”, estando numa “péssima situação” em termos de consumo de sal a nível mundial.

As estimativas apontam que se conseguir uma redução diária de três gramas de consumo de sal pode-se evitar 20 por cento dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) e reduzir em 15 por cento as doenças coronárias, disse Jorge Polónia.

Sobre o que contribui para um consumo elevado de sal, Conceição Calhau explicou que “o sal adicionado no momento de confeção dos alimentos contribui em 29,2 por cento, o pão e as tostas, 18,5 por cento, a sopa, 8,2 por cento e os produtos de charcutaria e carnes processadas têm um contributo de 6,9 por cento”.

Como alternativas mais saudáveis, a investigadora aconselhou “a utilização de ervas aromáticas”.

Fonte: Lusa

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