VITILIGO, PELE SEM PIGMENTAÇÃO

VITILIGO, PELE SEM PIGMENTAÇÃO

DOENÇAS E TRATAMENTOS

  Tupam Editores

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O vitiligo é uma doença cutânea, crónica, caracterizada pela despigmentação localizada ou difusa da pele, resultante de uma alteração da função dos melanócitos, as células produtoras de melanina, pigmento responsável pela cor da pele.

Embora não cause dores físicas, o vitiligo inflige grande sofrimento à pessoas. Os estudos dão conta de que 75% dos pacientes se costumam desvalorizar e que 80% se queixam de passarem por emoções desagradáveis, como medo que as manchas se espalhem, vergonha, insegurança, tristeza e inibição.

É verdade que doenças como a psoríase, a Sida, a diabetes e o vitiligo representam um desafio à autoestima de qualquer indivíduo, mas, entre elas, o vitiligo é, sem dúvida, a mais misteriosa para todos os que com ela lidam.

A doença, que atinge aproximadamente entre 0,5% a 1% da população, pode surgir em qualquer idade, embora com frequência tenha início antes dos 20 anos.

Com uma prevalência semelhante em ambos os géneros e em todas as raças, o vitiligo não afeta a esperança de vida dos pacientes, no entanto, acaba por ter um impacto muito significativo na sua qualidade de vida, principalmente a nível psicológico, sendo responsável por distúrbios como depressão e ansiedade.

A origem exata do vitiligo ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que envolva fatores autoimunes, genéticos e ambientais. A hipótese de doença autoimune é aquela que reúne mais consenso, já que a condição está frequentemente associada a outras doenças autoimunes (problemas na tiroide, artrite reumatoide ou diabetes).

Apresenta ainda uma predisposição genética complexa (20 a 30% dos casos têm história familiar), e pode ser desencadeada por fatores como: períodos de grande stress emocional, exposição solar intensa, exposição a agentes químicos tóxicos, entre outros.

Os sintomas mais evidentes do vitiligo são as manchas brancas ou acinzentadas na pele. Elas podem aparecer em qualquer parte do corpo, mas localizam-se mais frequentemente na face, dorso das mãos, axilas e região genital. Também podem aparecer nas mucosas da boca (oral), nariz (nasal) e genital, e o cabelo, as sobrancelhas, as pestanas e a barba também podem ser brancos.

Existem essencialmente 2 formas clínicas: o vitiligo vulgar – o mais frequente –, caracteriza-se pela presença de múltiplas manchas dispersas pelo corpo; e o vitiligo segmentar, que atinge apenas uma metade ou região do corpo.


Este tipo é mais frequente em idades mais jovens, tende a progredir durante 1 ou 2 anos e depois estabiliza.

O diagnóstico é feito com base na presença das manchas típicas da doença. É muito raro ter de se fazer uma biopsia da pele para confirmar o diagnóstico. Nos doentes com pele clara as lesões podem ser subtis, sendo necessária a observação com uma lâmpada especial.

A evolução da doença é difícil de prever. Por vezes as lesões deixam de progredir e recuperam a pigmentação sem qualquer tratamento, contudo, na maioria dos casos observa-se um agravamento progressivo.

O vitiligo não tem cura mas pode ser tratado para minimizar a descoloração da pele e assim melhorar a qualidade de vida e a autoestima do paciente. Os tratamentos deverão ser orientados e acompanhados por um dermatologista clínico e ser totalmente individualizados.

De entre as opções atualmente disponíveis, o destaque vai para os corticosteroides tópicos (hidrocortisona, betametasona e clobetasol); os inibidores da calcineurina (tacrolimus e pimecrolimus); a fototerapia com ultra violetas (UVB) de banda estreita; a fotoquimioterapia com UVA e psoralenos (PUVA); Laserterapia com laser Excímer, e cirurgia com micro-enxertos, em situação de doença estável.

Pode recorrer-se ainda à camuflagem, que consiste numa panóplia de cremes, bases, sprays e autobronzeadores que têm como objetivo esconder as manchas provocadas pelo Vitiligo.

Nesta categoria incluem-se técnicas como a micropigmentação e tatuagem, apesar destas serem desaconselhadas a quem tenha vitiligo devido ao fenómeno de Koebner (proliferação das manchas a zonas circundantes das despigmentadas devido a trauma, pressão ou fricção).

Convém ter em mente que a resposta ao tratamento é lenta e a repigmentação das lesões pode não ocorrer, apesar da realização de tratamentos intensivos. Além disso, existe uma probabilidade significativa de recorrência da despigmentação após o tratamento.

O vitiligo pode ter um impacto significativo na saúde mental dos doentes. Lidar com as mudanças na aparência da pele pode ser desafiador, por isso, procurar apoio psicológico pode ser muito útil. Se a pessoa estiver muito afetada emocionalmente ou tiver um estilo de vida ansioso, é absolutamente necessário fazer terapia.

Conversar com um profissional de saúde mental ou participar de grupos de apoio pode tornar-se uma valiosa rede de suporte para os pacientes, até porque as pessoas que não conhecem a doença costumam ser bastante preconceituosas.


Acima de tudo os doentes devem aceitar-se como são. Não são inferiores às outras pessoas, são apenas diferentes. Assim, não devem deixar de ser felizes por medo, vergonha ou sentimento de inferioridade. O vitiligo não deve ser um impecilho para nada na sua vida.


Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
21 de Março de 2025

Mais Sobre:
PELE DOENÇA DIAGNÓSTICO

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