
PSICOTERAPIA, PARA QUE SERVE AFINAL?
MENTE E RELACIONAMENTOS
Tupam Editores
Quando o assunto é saúde mental somos inundados por uma série de preconceitos, estereótipos e dúvidas. A falta de informação sobre o que é e para que serve a psicoterapia tem levado muitas pessoas a sofrerem sozinhas, desnecessariamente. Quem nunca ouviu frases do tipo: “Quem tem amigos não precisa de terapia!”; “Não vou contar a minha vida a um estranho!”; “Eu não preciso de conselhos!”; “Eu não sou maluco para fazer terapia!”, e assim por diante.
Na verdade, estas expressões são baseadas em noções equivocadas e mediáticas do que realmente é a psicoterapia, que convém esclarecer.
A psicoterapia corresponde a um método, a um conjunto de técnicas e procedimentos que têm como objetivo modificar comportamentos, pensamentos e emoções no sentido de reduzir o sofrimento psicológico e promover o desenvolvimento pessoal e o bem-estar dos indivíduos.

A psicoterapia assenta essencialmente no diálogo orientado por um terapeuta, estabelecendo-se uma relação de confiança entre o paciente e o terapeuta (um psicólogo ou médico psiquiatra).
A psicoterapia pode beneficiar pessoas que lidam com problemas de saúde mental, mas não é apenas para estas pessoas. Não é preciso ter um diagnóstico ou um “problema” para beneficiar da terapia.
Há múltiplas razões para se iniciar um processo de psicoterapia. A terapia pode ser útil em vários problemas que podem afetar a vida de qualquer pessoa, como, por exemplo: para resolver conflitos do casal ou com familiares; para ajudar a gerir a ansiedade e o stress resultante do trabalho; para lidar com grandes mudanças na vida, como um divórcio, a morte de um familiar/amigo, ou perda de emprego; para aprender a gerir sentimentos e atitudes pouco saudáveis, como raiva no trânsito ou comportamentos passivo-agressivos; para recuperar de situações de abuso físico ou sexual; para ajudar em distúrbios do sono; para lidar com problemas de origem sexual; ou ajudar a aceitar um problema de saúde mais grave, como diabetes, cancro ou dor crónica.
Relativamente aos problemas de saúde mental, a psicoterapia pode fazer parte do tratamento de: distúrbios de ansiedade, como distúrbio obsessivo-compulsivo, fobia, pânico ou stress pós-traumático; distúrbios do humor, como depressão ou distúrbio bipolar; vícios, como alcoolismo, toxicodependência ou vício do jogo; distúrbios da alimentação, como anorexia ou bulimia; distúrbios de personalidade; esquizofrenia ou outros distúrbios psicóticos.
A psicoterapia pode ajudar todas as pessoas, independentemente da sua idade, género, ou outras características, ao longo de todo o ciclo de vida (desde a infância à velhice).

Não é, no entanto, uma cura milagrosa ou uma “receita rápida” para as pessoas se sentirem bem.
As investigações demonstram que cerca de 50% melhora ao fim de oito sessões, e cerca de 75% sente benefícios/melhorias após seis meses de psicoterapia. E os benefícios mantêm-se, mesmo depois do processo psicoterapêutico ter terminado.
Embora os amigos(as), companheiros(as) ou familiares possam ser um apoio fundamental em todas as fases e momentos da vida, geralmente as pessoas não se sentem à vontade com eles, e têm medo de os magoar com algo que se diga ou medo de ser julgados(as).
Já o psicoterapeuta vai ouvir a pessoa, sem a criticar ou julgar. O paciente pode dizer, com toda a honestidade, como se sente, sem se preocupar se vai magoar alguém, estragar uma relação ou ser penalizado de alguma forma.
Tudo o que disser será confidencial.
Os psicólogos e os psiquiatras são obrigados a manter privado tudo aquilo que é falado durante uma sessão de psicoterapia. Exceto em situações muito raras e concretas, por exemplo, se o paciente revelar que tem intenções de se magoar ou de magoar outras pessoas. Por isso, as pessoas podem ficar mais descansadas ao partilhar os seus pensamentos com o profissional, algo que é fundamental para o sucesso da terapia.

Ao longo das sessões, o paciente vai adquirir novas ferramentas que o podem ajudar a ver o mundo de forma diferente.
Também vai aprender a distinguir entre as situações que pode ou não mudar e a focar-se em melhorar as coisas que pode controlar. A resiliência é outra competência que se trabalha durante o tratamento e que pode ajudar a lidar melhor com obstáculos que possam surgir no futuro do paciente.
O número de sessões necessárias para obter resultados depende de fatores como: o tipo de problema ou distúrbio, as características do paciente, os seus objetivos e o ritmo dos progressos. Muitas pessoas começam a sentir alguns benefícios logo após algumas sessões, principalmente as que pediram ajuda precocemente.
Se quando se sente uma dor de dentes se vai ao dentista, ou quando se sente um mal estar fisiológico se vai ao médico, por que razão quando não se consegue lidar com as emoções ou se vivência um mal estar psicológico se tenta resolver o problema sozinho?
A psicoterapia serve, acima de tudo, para quem se importa com a sua saúde e em viver bem.
Não adianta cuidar de todos os domínios da vida e descuidar uma parte crucial da existência: a mente. Não negligencie a sua saúde mental!