DESAFIOS DE UM ANIMAL COM DEFICIÊNCIA

DESAFIOS DE UM ANIMAL COM DEFICIÊNCIA

COMPANHIA

  Tupam Editores

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Adotar um animal de companhia é assumir uma responsabilidade para toda a vida – o que inclui os bons e os maus momentos. E, não duvide, os desafios do dia-a-dia não são enfrentados apenas pelas pessoas, alguns animais também têm que aprender a conviver com certas dificuldades e limitações.

Tal como os humanos, os animais podem ser vítimas de doenças ou acidentes que, dependendo da gravidade, podem interromper as suas atividades normais definitivamente, levando-os a uma vida de maior dependência dos seus tutores, como é o caso da cegueira, da necessidade de amputar membros ou ainda a paralisia, por exemplo.

Altamente adaptáveis, eles conseguem, em pouco tempo, ajustar-se à nova condição voltando a estar felizes, a brincar e a passear, recuperando alguma da sua qualidade de vida, no entanto, um animal de companhia deficiente não deve ser tratado do mesmo modo que um que o não é.

E não se trata de ter compaixão, ou de evitar tocar-lhe com medo de o magoar, o que se passa é que um animal deficiente tem necessidades diferentes.

Felizmente, com o avanço da medicina e a dedicação dos profissionais da área veterinária, a maioria dessas doenças e problemas pode ser minimizada com a utilização de tecnologias que até há pouco tempo estavam restritas ao ser humano.

As soluções da medicina veterinária

Os animais com deficiência, apesar das suas limitações, são muito ativos. Para lhes devolver a mobilidade perdida e a qualidade de vida, a medicina veterinária tem vindo a criar vários equipamentos, tendo sempre em mente a sua segurança e uma vida mais saudável. É o caso das órteses e das próteses.

As órteses são aparelhos cujo objetivo é suprir ou corrigir a alteração morfológica de um órgão, um membro ou um segmento de um membro, e até a deficiência de uma função. Já as próteses destinam-se à substituição de órgãos, de um membro ou parte do membro destruído ou gravemente acometido.

Em formato de tala e compostas por materiais como neoprene e materiais termoplásticos, as órteses são desenvolvidas para oferecer ao animal o máximo de conforto e mobilidade, tanto para as patas dianteiras (ombros, cotovelos e carpos) quanto para as traseiras (quadril, joelhos e calcanhares).

Os equipamentos são ajustados com tiras de velcro e estão disponíveis comercialmente em vários tamanhos (do Micro ao GGG), mas também podem ser confecionados sob medida.

Nos casos em que o animal tenha de usar uma destas soluções é essencial que o processo de reeducação para a caminhada e o retorno à vida normal seja acompanhado por um profissional.

A fase de adaptação ao aparelho é muito importante, pois o cão/gato precisa de adquirir a consciência corporal nesta nova etapa, e isso é feito através de exercícios específicos de acordo com o membro afetado.

Para um tutor a paralisia talvez seja a coisa mais assustadora que poderia acontecer ao seu animal de companhia. Inicialmente, a perda da mobilidade pode parecer o fim do seu companheiro, mas uma coisa não significa necessariamente a outra.

Para os animais paralisados as soluções disponíveis são os arneses e as cadeiras de rodas. Existem muitas cadeiras de rodas ou carrinhos pensados para animais com este tipo de problemas médicos, que são usadas principalmente por animais com paralisia nas patas traseiras, mas com pernas dianteiras fortes.

Na grande maioria dos casos, a adaptação do animal à cadeira é fácil e visível no mesmo dia em que é introduzida.

Nos casos em que este tenha estado inativo por um longo período de tempo e em que haja uma atrofia muscular, é importante levar a cabo uma introdução progressiva para que os músculos das patas da frente possam progressivamente fortalecer-se.

Os arneses também podem ser úteis para ajudar os animais a caminhar. Estes arneses especiais permitem que o tutor levante as patas traseiras do animal enquanto ele caminha com as da frente.

Para alternar com as cadeiras de rodas, e para usar principalmente dentro de casa, existe ainda a opção dos sacos de arrastar. Estes sacos oferecem mais liberdade e conforto nos movimentos dos animais, evitam que se formem feridas quando se arrastam, e ainda poupam móveis e pisos.

Devem ser usados concomitantemente com fraldas descartáveis (embutidas e encaixadas num compartimento no próprio saco de arrasto).

Além de práticos para dentro de casa os sacos também são excelentes para o animal se locomover ao ar livre em terrenos irregulares, o que seria difícil nas cadeirinhas de rodas.

Para manter a flexibilidade e o tonus muscular dos animais paralisados o tutor pode recorrer a exercícios e massagens que ajudarão a melhorar a circulação sanguínea e acalmar os músculos doridos e as articulações. Ter um animal paralisado é um grande compromisso que requer paciência e observação intensa, mas vale a pena.

Além destas deficiências há outra que preocupa imenso os tutores – a cegueira de um animal. A cegueira acontece a animais de diversas idades, raças e portes, de forma gradual ou súbita, podendo decorrer de doenças, herança genética ou até de acidentes.

Quando se pensa em animais de companhia invisuais achamos que estes não têm qualidade de vida, mas isso não faz sentido. Tal como os humanos que perdem a visão, os animais também vão desenvolver os seus outros sentidos a fim de continuarem a fazer a sua vida normal.

Se o animal cegou há pouco tempo, e para evitar as repetitivas batidas em obstáculos, e as lesões daí decorrentes, o tutor pode adquirir um arnês especial para que este se mova comodamente e em segurança.

Trata-se de uma estrutura em neoprene, que possui um anel de metal onde se pode encaixar uma coleira, se necessário.

Leve, resistente e flexivel este “capacete” protege a cabeça do animal e ajuda-o a caminhar calmamente evitando os obstáculos.

A situação, contrariamente ao que a maioria das pessoas poderia pensar, até nem é complicada. A dedicação dos profissionais de medicina veterinária, e a dos tutores nos cuidados em casa, podem fazer com que a vida de um animal tão especial seja quase normal.

Conselhos para facilitar a vida do animal deficiente em casa

Particularmente no que diz respeito aos animais que perderam a visão, alguns cuidados simples em casa devolvem-lhe a qualidade de vida.

Para começar, esqueça as mudanças na decoração que impliquem trocar os móveis de lugar. Os animais que perderam a visão há pouco tempo precisam de ter tudo no mesmo local como eles se lembram, além disso decoram os caminhos para se deslocarem normalmente.

Se mudar os móveis, para além de promover choques constantes vai deixar o animal desorientado.

A existência de tapetes nas principais zonas por onde ele se desloca é muito importante. As passadeiras, por exemplo, transmitem-lhe alguma segurança e evitam que escorregue. É importante criar uma zona com um tapete longo entre a sua cama e onde está a água e a comida de forma a que ele aprenda que ali se pode deslocar livremente.

Pode inclusive colocar tapetes (de materiais diferentes) à entrada de cada divisão, para que ele associe mais rápido a cada zona.

Mais importante do que não mudar os móveis de local é não alterar a localização da cama, da água e da comida. É a zona dele, onde descansa, se alimenta e hidrata. Mudanças aqui poderiam trazer instabilidade e, numa fase sensível de transição devem ser evitadas.

Em caso de existirem escadas em casa, inicialmente o seu acesso às mesmas deve ser limitado. Para tal existem grades ou proteções para lhe vedar o acesso. Assim que o tutor perceba que o animal se está a adaptar melhor à sua nova condição pode apresentar-lhas aos poucos, tendo em atenção o piso das mesmas. Se for escorregadio, deverá ser colocado um tapete antiderrapante.

Com cães invisuais é muito importante a aprendizagem dos comandos básicos como: Senta, Deita, e Fica; e de comandos específicos como: Pára, Devagar, Sobe, Desce, Cuidado, Esquerda, e Direita.

No que diz respeito ao convívio com outros animais, particularmente os cães cegos são mais desconfiados em relação a outros animais. Colocar um guizo em cada coleira dos outros animais da casa é uma boa ideia pois ele saberá sempre quando algum se aproxima.

Os tutores por norma reagem pior que o animal à perda de visão deste. Em vez de ter pena dele e tentar protegê-lo de tudo, o tutor deve perceber que ele precisa de auto-confiança. A proteção em excesso vai fazer com que ele se sinta inseguro, e viver com medo não é viver com qualidade. Lembre-se disso!
Quando um cão/gato padece de uma patologia que o impede de mover-se com normalidade, não só é necessário cuidar das suas partes afetadas, como também pensar no que o afeta no seu conjunto e no que interfere na sua qualidade de vida e recuperação.

No caso dos animais paralisados, são imprescindíveis alguns cuidados básicos, como é o caso da higiene. Existem fraldas especialmente desenhadas para eles que além de absorverem, ajudam a que a urina e as fezes não irritem a pele, e ainda evitam problemas indesejáveis de sujidade no chão e tapetes.

Muitos animais com paralisia têm problemas para urinar. Nestes casos é imperativo manter uma boa higiene da micção, que ajudará a impedir as frequentes infeções urinárias.

Convém evitar o arrasto do animal pois esta é a forma mais comum para o aparecimento de feridas, que são difíceis de solucionar por se apoiar sobre elas.

Para evitar as úlceras de pressão – que se formam nos cotovelos, tornozelos, ancas e osso zigomático –, é vital mudar a posição do animal com frequência e utilizar terapias de fisioterapia passivas (ou seja, é o tutor que move os membros do animal).

Ainda que esteja bem adaptado à cadeira de rodas não deve passar mais do que duas horas de cada vez preso a ela pois dessa forma não se consegue deitar e relaxar completamente, e deve ter períodos de descanso.

Os estados patológicos provocam um desequilíbrio nutricional, e uma boa nutrição é fundamental para a recuperação e saúde do animal, devendo ser estabelecida pelo veterinário.

Estes são apenas alguns conselhos para minorar as dificuldades que os animais deficientes têm de enfrentar diariamente. Acima de tudo, lembre-se que eles têm as mesmas necessidades que os outros: amor, disciplina, e exercício diário.

Sempre que possível, devem fazer passeios ao ar livre como faziam antes da doença ou acidente o ter afetado, seja com a ajuda de arneses especiais, cadeiras de rodas ou sacos de arrasto.

Não deixe que a paralisia, ou a cegueira, seja uma desculpa para os privar disso. Eles merecem, por serem tão especiais!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

Referências Externas:

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