BORBOLETAS DE PORTUGAL - Beleza e graciosidade em pleno voo...

BORBOLETAS DE PORTUGAL - Beleza e graciosidade em pleno voo...

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  Tupam Editores

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Pequenas e delicadas, passam esvoaçando graciosamente pela frente dos nossos olhos revelando uma vasta panóplia de lindíssimos desenhos, cujas cores variam entre o vibrante e forte, o suave ou metálico.

A tentação de agarrar esta beleza voadora é grande, mas há que resistir ao impulso pois uma mão nas suas cativantes asas pode levá-las à morte. Se ainda não percebeu, é das borboletas que falamos!

As borboletas desde sempre atraíram a atenção dos biólogos e amadores pela variedade de cores, formas e padrões das suas asas.

Na classe dos insetos, a ordem das borboletas (Lepidoptera) constitui um dos grupos mais evoluídos e ricos em espécies. O nome deriva das palavras gregas “lepido” que significa escama, e “ptera” que significa asa, como referência a estes pequenos insetos voadores, cujo corpo se reveste de pequenas escamas.

Constituem a segunda ordem mais numerosa dos insetos e são vulgarmente divididos em dois grupos – as borboletas e as mariposas. No primeiro grupo são incluídas as borboletas coloridas que voam durante o dia e, no segundo, as borboletas com tons menos apelativos e que voam à noite.

De acordo com os estudos mais recentes, estão descritas entre 146 mil a 165 mil espécies de borboletas espalhadas por vários tipos de habitats, desde as regiões mais frias, passando pelas temperadas, até à explosão da sua diversidade nas florestas tropicais. Admite-se, no entanto, que estes números possam atingir as 500 mil espécies.

São animais ectotérmicos, razão pela qual os observamos preferencialmente na primavera e no verão, permanecendo inativos durante os meses mais frios em esconderijos naturais como grutas, troncos de árvores ou em construções humanas como celeiros ou cavidades de muros.

Um dos pormenores mais curiosos e intrigantes para a ciência é a metamorfose que ocorre ao longo do seu ciclo de vida – de um ovo nasce uma lagarta que crisalida e se transforma, no fim, numa borboleta alada.

Biologia, morfologia e importância das borboletas

Aparentemente frágeis, estes seres vivos coexistiram com os dinossauros no decurso da evolução da vida. O grande “boom” da diversidade dos lepidópteros ocorreu no Cretácio, época em que apareceram as plantas com flor e as borboletas diurnas (Rhopalocera).

Estes insetos distinguem-se dos restantes por possuírem asas membranosas compostas por pequenas escamas coloridas e por passarem por metamorfoses completas. Outra característica importante é a presença de uma probóscide, uma tromba de comprimento variável, enrolada em espiral, com a função de sugar o néctar das flores e a água do orvalho.

Apesar de algumas espécies serem mais sensíveis e mais exigentes relativamente às condições do habitat do que outras, as borboletas podem ser encontradas praticamente em todos os ecossistemas portugueses. Claro que quanto mais saudável for o ecossistema, ou seja, aquele que apresentar menores vestígios da atividade humana, maior será a possibilidade de estabelecimento de colónias numerosas, de uma maior variedade de espécies.

Outra característica interessante é o facto de certas espécies poderem ter habitats diferentes ao longo da sua vida: há espécies que habitam enquanto lagarta em zonas onde abundam as plantas de que se alimentam, mas quando adultas procuram outros locais, onde as suas flores preferidas existem em quantidade suficiente para sobreviverem. Posteriormente voltam ao local de origem para depositarem os ovos.

Sabia que a migração não está presente apenas nas aves e nos mamíferos? Pois é, as borboletas também o fazem, de forma a evitarem condições adversas à sua sobrevivência. Em Portugal há várias borboletas que realizam estes movimentos: Colias croceus, Vanessa atalanta, Vanessa cardui e Libythea celtis.

A metamorfose completa é uma característica particular destes insetos, que engloba 4 estádios de desenvolvimento: ovo, lagarta, crisálida e inseto adulto. Ao contrário de muitos outros animais, os estados imaturos apresentam uma morfologia e comportamento bem distintos do estado adulto, por exemplo, o regime alimentar é muito diferente entre as larvas e os adultos.

Tal como os restantes insetos, o corpo da borboleta possui um esqueleto externo (ou exoesqueleto), com um revestimento formado por várias camadas de uma massa resistente e sólida chamada de quitina, e é composto por três segmentos: cabeça, tórax e abdómen.

As borboletas são os únicos insetos em que cada parte do corpo, das asas às patas, é coberta por milhares de delicadas escamas.

As escamas mais notáveis são as que cobrem os lados superior e inferior das asas, pois dão à borboleta a cor e o padrão.

Elas estão dispostas como as telhas de um telhado (sobrepostas), e a sua cor pode ser física, por refração da luz, que muda segundo o ângulo de incidência dos raios de luz, proporcionando irisações e reflexos metálicos; ou química, devido a pigmentos.

Na cabeça inserem-se os órgãos sensoriais como os olhos, as antenas, os palpos labiais e a espirotromba (tubo flexível e enrolável que lhes permite sorver o néctar das plantas).

O tórax é a zona do corpo onde se inserem as quatro asas e as seis patas, e  o abdómen é a região do corpo que acolhe importantes órgãos internos, nomeadamente o aparelho reprodutor.

A principal característica que permite distinguir as borboletas diurnas das noturnas é a forma das antenas.

Nas diurnas são quase sempre em forma de clava e nas noturnas são filiformes ou pectinadas. Outra característica é a inexistência do frenulum (fio que une a asa anterior e a posterior) nas borboletas diurnas.

Nem sempre é possível fazer com clareza a distinção entre macho e fêmea. Normalmente, os machos são mais atrativos e apresentam androcórnios, ou seja, zonas nas asas por onde são libertadas as feromonas para atrair as fêmeas. No entanto, em algumas espécies como a borboleta Cleópatra não há qualquer dúvida, uma vez que os machos apresentam duas grandes manchas laranjas que as fêmeas não possuem.

Admiradas desde sempre pela sua beleza e elegância, as borboletas também têm um papel crucial nos ecossistemas, e desempenham funções essenciais para que estes se mantenham saudáveis.

Tal como as abelhas, são importantes na reprodução de muitas plantas (são insetos polinizadores), existindo inclusivamente flores que são exclusivamente polinizadas por elas. São, ainda, a base de muitas cadeias tróficas, servindo de alimento para aves, morcegos e outros animais insetívoros.

Como têm vida curta, e portanto muitas gerações em pouco tempo, permitem a rápida acumulação de informações taxonómicas, ecológicas e evolutivas, o que os torna insetos ideais para o estudo da dinâmica de populações.

Certas espécies dependem exclusivamente de uma planta, tornando-as muito sensíveis às alterações do meio, sendo por isso consideradas espécies indicadoras da qualidade ambiental e da integridade das paisagens naturais.

Este facto faz com que os estudos de monitorização dos lepidópteros numa determinada área sejam muitas vezes utilizados como ferramentas indispensáveis na biologia da conservação.

Em Portugal existem 135 espécies de borboletas diurnas e mais de 2.500 de borboletas noturnas. Como seria difícil estarem aqui todas representadas, devido à enorme  quantidade de espécies, vamos apenas mencionar alguns exemplares  diurnos que podem ser observados pelos campos e jardins de Portugal.

Conheça algumas borboletas de Portugal

De origem africana, a BORBOLETA-DO-MEDRONHEIRO (Charaxes jasius) é a espécie diurnal com maior envergadura (65 – 80 mm) a voar na Europa. Está dispersa pelos países mediterrânicos e África.

Tal como o nome indica, só faz posturas em medronheiros, pelo que a sua abundância e distribuição estão muito relacionadas com a ocorrência desta planta. É muito comum em quase todo o país, especialmente no Algarve ou na área de Lisboa (por exemplo, em Monsanto).


BORBOLETA-ZEBRA
Ficha Informativa
Nome científico: Iphiclides feisthamelli
Abrigo: Pessegueiro, pereira e abrunheiro.

Época de Reprodução: Março a maio, de meados de junho a agosto e também em setembro.

Época de avistamento mais provável: De fevereiro a dezembro.

Curiosidades: À semelhança da borboleta-cauda-de-andorinha, é um inseto grande e vistoso, distinguindo-se desta pelo padrão riscado das asas.


BORBOLETA-ALMIRANTE-VERMELHO
Ficha Informativa
Nome científico: Vanessa atalanta
Regime alimentar: Néctar de silvas, erva-das-disenterias, trevo-cervino, hera, ligustro, cardo-cardador e cardos.

Abrigo: Urtiga, parietária e lúpulo.

Época de Reprodução: Adultos todo o ano.

Época de avistamento mais provável: Todo o ano.

Curiosidades: As lagartas desta espécie juntam as margens de uma folha de modo a formar uma “tenda” onde se abrigam. À medida que o animal vai crescendo, vai fazendo “tendas” maiores.


BORBOLETA-AZUL-CELESTE


Ficha Informativa
Nome científico: Celastrina argiolus
Regime alimentar: Flores e frutos de diversas plantas: hera, amores, azevinho, piorno, entre outras.

Abrigo: Hera, amores, azevinho e piorno.

Época de Reprodução: Adultos presentes de janeiro a outubro.

Época de avistamento mais provável: De janeiro a outubro.

Curiosidades: Existe uma espécie de vespa (Listrodomus nycthemerus) que necessita desta espécie de borboleta como hospedeiro para completar o seu ciclo de vida. A vespa deposita os ovos na lagarta, acabando por emergir uma única vespa adulta.

A BORBOLETA-MARAVILHA (Colias croceus) é muito difícil de fotografar pois tem um voo errante e rápido. É raro observá-la pousada a libar nas flores, ou seja, a alimentar-se do nectar. É uma espécie típica de prados e campos cultivados.

As fêmeas podem ter duas formas, uma com coloração amarelo torrado (como os machos) e outra esbranquiçada. Os ovos são colocados em plantas da família Fabaceae (as antigas leguminosas), como trevos e luzernas.

Possui uma envergadura entre 45 e 55 mm e está dispersa pelo Norte de África, Europa Central e do Sul, Norte da Europa (migradora) e Ásia.

Ficou fascinado pela beleza destes seres de asas coloridas? Pois saiba que ainda se encontram pouco estudados, e que todos os anos se descobrem novas espécies.

Recentemente, uma equipa de investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (CIBIO-InBIO), identificou uma nova espécie de borboleta noturna em Portugal, a Ypsolopha rhinolophi.

Apesar disso, o cenário, no que diz respeito aos insetos, é preocupante pois estão em declínio no mundo, e no país.

Segundo Eva Monteiro, do Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, entre nós não existiam, até ao momento, dados quantitativos para confirmar que há declínio, embora este seja provado por monitorizações noutros países e pela observação. Por essa razão procedeu-se recentemente à realização de um inédito censo das borboletas portuguesas.

Os Censos de Borboletas de Portugal fazem parte do Plano Europeu de Monitorização de borboletas (eBMS – European Butterfly Monitoring Scheme) e foram lançados em maio deste ano com o apoio do projecto ABLE – Avaliar BorboLetas na Europa) e do Butterfly Conservation Europe.

Sob o mote “Contar borboletas e ajudar o mundo dos insetos”, o censo consistiu na contagem regular de borboletas diurnas em percursos fixos, ou transetos, seguindo uma metodologia padronizada que é usada em toda a Europa. Realizados por voluntários, estes censos permitem gerar um enorme volume de dados e detetar tendências sobre o estado de conservação das borboletas e dos seus habitats.

Se o mundo das borboletas o encantou aproveite os longos dias de sol para as procurar. A melhor altura do dia é ao final da manhã e início da tarde. Escolha um jardim ou parque urbano, uma zona rural, uma floresta ou até uma praia. Não ficará desiludido com tanta magia!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

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