Poluição: partículas finas ligadas a sinais de doenças autoimunes
Um novo estudo realizado por investigadores da Universidade McGill relacionou a exposição à poluição do ar com alterações no sistema imunitário que frequentemente precedem o aparecimento de doenças autoimunes.

Para o estudo foram selecionadas aleatoriamente amostras de soro de 3548 indivíduos da coorte da população geral do Estudo de Saúde de Ontário, que foram recolhidas entre 2010 e 2013. Os especialistas descobriram que os níveis elevados de anticorpos antinucleares (ANA) eram mais comuns em pessoas que viviam em códigos postais com níveis mais elevados de poluição do ar por partículas finas (PM2,5).
De acordo com a Dra. Sasha Bernatsky, a poluição atmosférica não é apenas um problema urbano causado pelo tráfego, as zonas rurais e suburbanas também sofrem de má qualidade do ar, e para isso contribui o fumo dos incêndios florestais.
A investigação, publicada na revista Rheumatology, permitiu apurar que as partículas finas na poluição do ar estão associadas a níveis mais elevados de um biomarcador ligado a doenças autoimunes, como o lúpus eritematoso sistémico.
Os resultados indicam uma nova direção para compreender como a poluição do ar pode desencadear alterações no sistema imunitário associadas a doenças autoimunes.
Sabe-se que alguns fatores genéticos desempenham um papel nas doenças autoimunes, mas não explicam tudo. As descobertas reforçam as evidências de que a poluição do ar afeta mais do que a saúde do coração e dos pulmões. Estas partículas finas são suficientemente pequenas para atingir a corrente sanguínea, afetando potencialmente todo o corpo.
O Canadá estabelece padrões nacionais para os PM2,5 e a consciencialização sobre a necessidade de limitar a exposição está a crescer entre os decisores políticos. Embora a qualidade do ar seja, em geral, melhor no Canadá do que em muitos outros países, as sondagens sugerem que não existe um nível seguro.
Mas nem todos os canadianos são igualmente vulneráveis. As comunidades de baixo rendimento estão por vezes mais próximas de emissores industriais ou de estradas principais, e as doenças autoimunes como o lúpus afetam desproporcionalmente as mulheres e as populações não brancas, incluindo os povos indígenas.
Num outro estudo realizado no Quebeque em 2017, Bernatsky descobriu que viver perto de fontes industriais de partículas finas eleva os marcadores sanguíneos associados à artrite reumatoide.