Confirma-se que semaglutida pode beneficiar saúde cardiovascular
Um estudo financiado pela farmacêutica Novo Nordisk permitiu descobrir que a semaglutida, presente em medicamentos para a obesidade, como Ozempic e Wegovy, além dos seus benefícios contra a obesidade também pode ser útil na saúde cardiovascular, o que sugere que as indicações desses medicamentos deverão ser reconsideradas.

A investigação tinha como objetivo responder a duas questões: a relação entre as medidas de adiposidade basal e os problemas cardiovasculares, e a relação entre os padrões de perda de peso e os benefícios cardiovasculares subsequentes.
O estudo, denominado Select, envolveu mais de 17.600 pacientes cujo peso e circunferência da cintura foram avaliados antes e depois do tratamento com semaglutida, assim como o risco subsequente de eventos cardiovasculares. Alguns dos participantes receberam 2,4 miligramas de semaglutida semanalmente, enquanto outros receberam um placebo.
Os resultados mostraram que aqueles que receberam a semaglutida apresentaram uma redução significativa na incidência de problemas cardíacos em comparação com aqueles que receberam o placebo.
Constatou-se que a administração do medicamento reduz o risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou morte cardiovascular em 20%. Os fatores que o podem explicar incluem a capacidade do corpo para reduzir a inflamação e a produção de citocinas pró-inflamatórias, a melhoria da pressão arterial e a redução dos níveis de colesterol LDL (mau colesterol), assim como o aumento da capacidade dos vasos sanguíneos de se dilatarem e manterem a elasticidade.
Mais especificamente, no grupo que recebeu a semaglutida, a incidência de eventos cardiovasculares diminuiu 4% para cada 5 quilos, e a circunferência da cintura diminuiu 5 centímetros. Já no grupo do placebo, a perda de peso foi associada a um risco maior desse tipo de doenças.
Perante as descobertas, os especialistas defendem a reconsideração da semaglutida e de outros agonistas do receptor GLP-1 como tratamentos para doenças cardiovasculares, e não apenas como medicamentos para o controle glicémico ou para a perda de peso.