Algumas infeções urinárias estão associadas a carne contaminada
Quase uma em cada cinco infeções do trato urinário no sul da Califórnia pode ser causada por estirpes de Escherichia coli transmitidas por carne contaminada e representam um risco oculto de origem alimentar para milhões de pessoas, apurou um novo estudo publicado na mBio.

As infecões do trato urinário (ITU) estão entre as infeções mais comuns em todo o mundo, afetando desproporcionalmente mulheres e idosos, e custam anualmente bilhões em cuidados médicos e perda de produtividade.
A E. coli, a principal causa de ITUs, também é um contaminante comum em aves e carnes cruas, mas, até agora, era difícil estimar com que frequência as estirpes de origem alimentar causam infeções nas pessoas.
Para colmatar essa lacuna, investigadores da GW e da Kaiser Permanente Southern California recolheram mais de 5.700 isolados de E. coli de pacientes com ITUs e amostras de carne dos mesmos bairros. A equipa utilizou uma nova abordagem de modelagem genómica para estimar onde cada estirpe bacteriana provavelmente se havia originado, se em humanos ou em animais.
Os resultados permitiram descobrir que 18% das ITUs na população estudada estavam associadas a estirpes de E. coli de origem animal, conhecidas como ITUs de origem alimentar. As estirpes de maior risco foram encontradas com mais frequência em frango e em peru.
Constatou-se ainda que as pessoas que vivem em áreas de baixa renda apresentaram um risco 60% maior de infeções urinárias transmitidas por alimentos em comparação com aquelas de bairros mais ricos. Mulheres e homens mais velhos eram especialmente vulneráveis.
Segundo os especialistas, são necessários mais estudos para distinguir a transmissão alimentar de outras possíveis exposições, aprimorar modelos que possam identificar fontes específicas de carne e alargar essas descobertas a outras regiões e tipos de infeção.
O próximo objetivo da equipa é refinar o modelo de predição da origem do hospedeiro e aplicá-lo a infeções da corrente sanguínea e outras doenças graves causadas por E. coli. Estão também a explorar o desenvolvimento de intervenções que possam reduzir o risco de infeções transmitidas por alimentos, uma investigação que pode demorar anos.