Socialização pode reverter fragilidade em idosos
Estima-se que 10% das pessoas com mais de 65 anos convivam com a fragilidade, o que pode levar a um maior cansaço, lentidão ou falta de força, além de aumentar o risco de queda ou hospitalização. Mas um novo estudo, liderado pela Universidade de Newcastle, sugere que o envolvimento em atividades sociais pode ajudar as pessoas a reverter a fragilidade física ou a recuperar da quase fragilidade.

De entre as várias atividades sociais, o destaque vai para: passar tempo com amigos e familiares; jogar às cartas e outros jogos de tabuleiro; ler livros ou jornais; sair para jantar fora ou ir ao cinema, eventos desportivos ou museus; usar a internet; fazer trabalho voluntário; participar em cursos ou reuniões públicas, e ir de férias, entre outras.
Durante a investigação, publicada no American Journal of Epidemiology, os especialistas entrevistaram quase 2.000 pessoas sobre o seu envolvimento em atividades sociais deste tipo e visitaram os entrevistados até oito anos depois.
A fragilidade foi medida com base na lentidão com que as pessoas andavam e se levantavam de uma cadeira, se tinham uma má passada indicativa de fraqueza, se praticavam pouca atividade física e se apresentavam exaustão ou perda de peso não intencional.
O estudo incluiu 715 homens do British Regional Heart Study, com duração de quatro décadas, e 1.256 homens e mulheres de um estudo semelhante nos EUA. Os grupos de idosos nos dois estudos foram questionados sobre o seu envolvimento nas atividades sociais anteriormente mencionadas durante uma semana típica.
Se os participantes realizassem uma atividade social pelo menos uma vez numa semana típica, recebiam uma pontuação de 1 para essa atividade, enquanto aqueles que não realizavam recebiam pontuação zero. Os especialistas conseguiram analisar pessoas que eram semelhantes em fatores como idade, sexo, problemas de saúde e se tinham obesidade.
Os resultados revelaram que, em relação a dois homens britânicos semelhantes, se um tivesse uma pontuação um ponto maior que o outro em atividades sociais, teria 31% menos probabilidade de acabar por viver com fragilidade. Já entre os participantes do estudo nos EUA, uma pessoa com uma pontuação um ponto maior em atividades sociais teria 44% menos probabilidade de viver com fragilidade.
Mesmo alguém que era pouco sociável, se aumentasse as suas atividades sociais ao longo do tempo, poderia melhorar a saúde física. No caso dos homens britânicos estudados, aqueles que começaram com fragilidade ou “pré-fragilidade” tiveram 71% mais probabilidades de reverter a situação se aumentassem as suas atividades sociais ao longo do período de oito anos estudado.
Em relação ao grupo dos EUA, aqueles que aumentaram as suas atividades sociais ao longo de um período de estudo de quatro anos tiveram 79% mais probabilidades de reverter a fragilidade e a pré-fragilidade e de se tornarem fisicamente mais robustos.
De acordo com Sheena Ramsay, autora sénior do estudo, ficou evidente que a fragilidade não é inevitável. Algumas pessoas recuperam dos estágios iniciais da fragilidade – tornar-se mais ativo socialmente pode ser um dos fatores que para isso contribuem.