O estudo, publicado na Nature Communications, descobriu que praticar exercícios quatro horas ou menos antes de dormir estava associado a adormecer mais tarde, dormir menos horas, a um sono de pior qualidade, ter frequência cardíaca em repouso mais alta e menor variabilidade da frequência cardíaca.

A investigação envolveu uma amostra internacional de 14.689 pessoas monitorizadas durante um ano, o que deu origem a dados de quatro milhões de noites. Para registar os dados cardiovasculares, dos exercícios e do sono foi utilizado um dispositivo biométrico multissensor (WHOOP Strap).

A equipa de especialistas examinou a relação entre exercícios noturnos, esforço físico, sono e atividade cardíaca noturna, incluindo a frequência cardíaca em repouso e a variabilidade da frequência cardíaca.
A combinação de um horário de exercício mais tardio e maior esforço físico foi associada a um início de sono mais tardio, menor duração do sono, menor qualidade do sono, maior frequência cardíaca noturna em repouso e menor variabilidade da frequência cardíaca noturna.

Os resultados foram ajustados para género, idade, dia da semana, estação do ano, condicionamento físico geral e sono da noite anterior. Exercícios de alta exigência incluem atividades que levam a aumentos sustentados na frequência respiratória, temperatura corporal central, frequência cardíaca e estado de alerta mental, como, por exemplo, treinos de HIIT (Treino Intervalado de Alta Intensidade), jogos de futebol e rugby ou uma corrida longa.

De acordo com o Dr. Josh Leota, primeiro autor do estudo, fazer exercícios intensos à noite pode manter o corpo num estado de alerta elevado, e é por isso que se desaconselham exercícios muito perto da hora de dormir. No entanto, os resultados de estudos controlados em laboratório são menos conclusivos, e muitos até sugerem que os exercícios noturnos não interrompem necessariamente o sono.

No entanto, as descobertas do novo estudo sugerem que, se as pessoas pretendem melhorar a saúde do sono devem concluir os exercícios pelo menos quatro horas antes de dormir. Caso contrário, devem optar por exercícios breves de baixa intensidade, como uma corrida leve ou natação, para minimizar as interrupções do sono e permitir que o corpo relaxe.

Os resultados revelaram que os exercícios noturnos – particularmente os que envolvem altos níveis de stress cardiovascular – podem interromper o sono subsequente, a frequência cardíaca em repouso e a variabilidade da frequência cardíaca, o que prejudica um estágio crítico do processo de recuperação.

As descobertas têm implicações significativas na saúde pública sobre o momento, a duração e a intensidade dos exercícios e representam um passo fundamental para melhorar a qualidade do sono da população.