Probabilidade de desenvolver gota é maior em pacientes com DII
Um estudo publicado online no JGH Open permitiu concluir que pacientes com Doença Inflamatória Intestinal (DII) podem ter maior risco de desenvolver gota mais tarde na vida.
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Os resultados do estudo, que analisou a prevalência de gota entre mais de 200.000 adultos norte-americanos diagnosticados com doença de Crohn (DC) e com colite ulcerativa, sugerem que os pacientes com DC tiveram um aumento de 68% na probabilidade de desenvolver gota, enquanto aqueles com colite ulcerativa experimentaram um aumento de 38% na probabilidade de sofrer de gota, em relação aos seus homólogos sem DII.
Associada a um risco aumentado de doenças crónicas, a DII representa um risco frequentemente negligenciado para a saúde pública. O objetivo deste estudo, realizado por investigadores da Universidade Case Western Reserve, no Ohio, era estimar a prevalência de gota entre pacientes com DII utilizando dados do mundo real.
Os especialistas investigaram a associação entre DII e gota usando dados de adultos diagnosticados com doença de Crohn (DC; 249.480 pacientes) e colite ulcerativa (UC; 209.020 pacientes) entre 1999 e 2022.
Foi possível verificar que entre aqueles com colite ulcerativa, 9.130 pacientes tinham gota, o que corresponde a uma taxa de prevalência de 4,3% em comparação com 3,51% entre aqueles da população em geral sem historial de colite ulcerativa.
Entre os pacientes com DC, 14.000 tinham gota, o que corresponde a uma taxa de prevalência de 5,61% em comparação com 3,53% entre a população em geral sem diagnóstico de DC. Importa referir que entre os 69.260.780 pacientes identificados no banco de dados da Explorys Inc., 2.400.990 tinham gota sem sofrerem de DII.
Após análise, constatou-se que a maioria dos pacientes com colite ulcerativa e gota e com DC e gota tinha mais de 65 anos; os homens representavam a maioria dos pacientes em ambos os grupos e mais de 80% de cada grupo eram caucasianos.
Nas análises ajustadas para informações demográficas e fatores de risco de gota, os resultados sugeriram que um diagnóstico de DC estava associado a um aumento de 68% na probabilidade de desenvolver gota. Da mesma forma, um diagnóstico de colite ulcerativa foi associado a um aumento de 38% na probabilidade de desenvolver gota em análises ajustadas.
Os especialistas chamaram ainda a atenção para uma análise de subgrupos em ambos os grupos sobre a ressecção intestinal. Nesta análise, o grupo de colite ulcerativa com ressecção intestinal pareceu ter maior probabilidade de desenvolver gota do que aqueles que não foram submetidos à cirurgia.
Nos pacientes com DC observou-se um aumento semelhante na probabilidade entre aqueles que tiveram ressecção intestinal em relação aos pacientes sem cirurgia.
Segundo Osama Hamid, esta análise exploratória de um grande estudo de banco de dados sugere uma forte associação entre DII e gota. Vários mecanismos fisiopatológicos podem contribuir para essa relação.
A ressecção intestinal relacionada à DII é um fator de risco significativo para gota nesta população de pacientes. Assim, o ideal seria que os pacientes com DII que apresentam artrite de início recente fossem cuidadosamente investigados para a gota.