Tratamento de infertilidade pode colocar mulheres em risco de AVC
Mulheres que engravidaram após um tratamento de infertilidade têm maior probabilidade de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), sugere um artigo publicado recentemente no jornal JAMA Network. Segundo os autores, o risco é maior no ano seguinte ao nascimento do bebé.
Considera-se um casal infértil quando este não consegue ter filhos após dois anos de tentativas sem métodos contraceptivos, e estima-se que em todo o mundo cerca de 20% dos casais sejam inférteis.
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Na investigação foram analisados os casos de 31 milhões de pacientes que tiveram um parto hospitalar entre 2010 e 2018 em 28 estados – o que incluiu mais de 287.000 mulheres que realizaram tratamentos de infertilidade.
Os especialistas descobriram que as mulheres que se submeteram a este tipo de tratamentos enfrentaram o dobro do risco de hemorragia cerebral, conhecido como AVC hemorrágico. Observou-se ainda um risco 55% maior de AVC isquémico, que acontece quando o fornecimento de sangue para o cérebro é interrompido.
Por cada 100.000 mulheres que fizeram um tratamento de infertilidade, cerca de 37 foram hospitalizadas devido a um AVC. Perto de 2% dos nascimentos nos EUA envolveram tratamentos de fertilidade, tais como inseminação intrauterina, tecnologia de reprodução assistida, utilização de um substituto e procedimentos de preservação da fertilidade.
Alguns estudos associaram este tipo de tratamentos ao aumento dos riscos durante a gravidez, embora geralmente sejam considerados seguros.
Segundo o Dr. Cande Ananth, da Faculdade de Medicina Robert Wood Johnson, em Nova Jersey, apesar de o número absoluto de AVCs relatados no estudo ter sido baixo, as mulheres que procuram um tratamento de fertilidade devem ser informadas dessa possibilidade.
Uma das explicações citadas pelo autor sénior do estudo é que os tratamentos de infertilidade podem causar alterações fisiológicas pois as mulheres recebem grandes quantidades de estrogénio durante o procedimento. Isto pode levar ao aumento da coagulação, que é um forte fator de risco para o AVC. Outra possível explicação é que as mulheres que se submetem a um tratamento de infertilidade, o fazem por alguma razão em particular – talvez existam características biológicas diferentes entre as mulheres que o procuram.
Os resultados do estudo sugerem que o tratamento da infertilidade está associado a um risco aumentado de hospitalização por AVC nos 12 meses após o parto, portanto, deve ser realizada uma triagem de risco e o acompanhamento oportuno das pacientes para atenuar os fatores associados ao AVC nos períodos pré-parto e pós-parto.
