Peróxido de hidrogénio: um agente para a regeneração dos nervos
Amplamente utilizado em investigações biomédicas modernas, o peixe-zebra partilha mais de 70% do genoma humano e possui o impressionante poder de regeneração. A Dra. Sandra Rieger, na sua investigação, da Universidade de Miami, sobre regeneração de apêndices e lesões nos nervos já o utiliza há anos.

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Recentemente, num estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Science (PNAS), a especialista voltou a utilizar essas maravilhas naturais com capacidade de cura inata para expandir a sua investigação sobre o potencial regenerativo do peróxido de hidrogénio na reparação de feridas e na regeneração nervosa.
Enquanto investigadora da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, a Dra Rieger fez a descoberta inovadora de que o peróxido de hidrogénio é produzido na epiderme e é responsável por promover a regeneração do nervo após uma lesão. Apesar da importância da descoberta, na altura desconheciam-se os mecanismos moleculares exatos que impulsionavam a regeneração do nervo após a lesão.
No último estudo a equipa investigou de que forma o peróxido de hidrogénio estimula a regeneração nervosa. Com a ajuda de rotulagem fluorescente de proteínas no peixe-zebra e análise de mutantes, usaram imagens de lapso de tempo para estudar o processo.
As imagens de lapso de tempo fornecem uma visão detalhada dos processos biológicos e das relações entre os nervos e a pele, assim como essas interações levam à regeneração. As descobertas que os investigadores procuram responderão à questão de como a pele afeta a regeneração, já que esta é tão importante na produção de fatores essenciais para o processo de regeneração.
O estudo permitiu descobrir essencialmente que o peróxido de hidrogénio reage ao Receptor do Fator de Crescimento Epidérmico (EGFR) na pele, o que é essencial para a remodelação da pele e auxilia o crescimento do nervo na ferida. Isto é vital para a restauração da pele.
Descobriu-se, no entanto, que se o peróxido de hidrogénio não estiver presente nos neurónios, as terminações nervosas também não se podem regenerar. Ao que parece, tanto os neurónios quanto a pele precisam de peróxido de hidrogénio para coordenar a regeneração das suas terminações nervosas.
Este trabalho da Dra. Rieger veio lançar mais luz sobre as funções moleculares do peróxido de hidrogénio na estimulação da regeneração nervosa. Espera-se que esta investigação abra caminho para estudos futuros que levem a terapias melhoradas para restaurar as funções da pele e do sistema nervoso.