O SARS-CoV-2, que causa a doença COVID-19, pode infetar células cerebrais, levando a uma reação que pode desencadear problemas neurológicos e psicológicos, segundo um novo estudo do Centro Médico da Universidade Erasmus, em Roterdão, na Holanda.
Os relatórios diários continuam a não deixar baixar os braços! A incerteza e a ansiedade tornaram-se uma constante das nossas vidas e ainda que a vacinação em Portugal, e no mundo, “vá de vento em popa” a sensação de controlo ainda não se vislumbra.
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Desde o início da pandemia do novo coronavírus, pacientes em todo o mundo relataram distúrbios neurológicos e psiquiátricos, como problemas de memória, dores de cabeça, psicoses raras e, em alguns casos, encefalite. Uma em cada três pessoas que contraíram COVID-19 foram diagnosticadas com esses distúrbios seis meses depois de serem infetadas.
Embora a disseminação do coronavírus seja travada rapidamente, levando a danos limitados após chegar ao cérebro pela narina, este ativa as proteínas citocinas, que atuam como mensageiros dentro do sistema imunológico, segundo o estudo publicado na revista mSphere dos Estados Unidos.
Dados obtidos indicam que o vírus pode entrar no cérebro através do nervo olfativo, o que poderia desempenhar um papel nas infeções locais que possivelmente contribuem para queixas neurológicas e psicológicas entre muitos pacientes.
Os cientistas analisaram troncos cerebrais e bulbos olfativos em pacientes pós-morte que tiveram COVID-19 usando a citometria de massa de imagem para compreender a resposta imune local num nível de célula única espacialmente resolvido, de alta dimensão e compararam o seu mapa imunológico com pacientes não COVID-19 que apresentavam insuficiência respiratória, pacientes com esclerose múltipla e pacientes controlo.
Observou-se ativação imune substancial no sistema nervoso central com neuropatologia pronunciada (astrocitose, dano axonal e atravessar a barreira hematoencefálica) e foi detetado antigénio viral em células positivas para recetor ACE2 enriquecidas no compartimento vascular.
Os nódulos microgliais e o compartimento perivascular representaram nichos microanatómicos imunes específicos para COVID-19 com interações celulares específicas do contexto enriquecidas para células T CD8 + ativadas. As interações alteradas da microglia-célula T se correlacionaram com medidas sistêmicas de inflamação e alterações da hemostasia.
Este estudo identifica neuroinflamação profunda com ativação de células imunes inatas e adaptativas como correlatos da neuropatologia COVID-19, com implicações para estratégias terapêuticas potenciais.
A infeção pelo SARS-CoV-2 raramente leva a encefalite grave na qual o vírus se espalharia de forma incontrolável pelo cérebro. Mas o facto de o SARS-CoV-2 possivelmente pode chegar ao cérebro através do nervo olfativo e infetar células localmente, levando a uma resposta inflamatória, pode certamente contribuir para distúrbios neurológicos, disseram os autores do estudo.
