Anticoncecionais na adolescência podem gerar alterações cerebrais
Milhões de mulheres tomam contracetivos orais diariamente, mas, nos anos recentes, têm-se levantado muitas dúvidas sobre a segurança das pílulas anticoncecionais.
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Uma das preocupações é que muitas mulheres começam a tomar as pílulas muito cedo.
“Milhões de mulheres tomam contracetivos orais, mas pouco se sabe se as hormonas sintéticas encontradas nos contracetivos orais têm efeitos comportamentais e neurofisiológicos, especialmente durante a puberdade e o início da adolescência, que são períodos críticos do desenvolvimento cerebral”, destaca a professora Nafissa Ismail, da Universidade de Otava, no Canadá.
A cientista decidiu então investigar se as pílulas podem induzir diferenças na reatividade ao stress - ou como a pessoa responde ao stress. Para isso, a investigadora e a sua equipa compararam a estrutura e a função cerebral entre mulheres que começaram a tomar contracetivos orais durante a puberdade ou na idade adulta e outras que nunca as usaram.
“Nós encontramos diferenças na estrutura e função do cérebro entre utilizadoras de contracetivos orais e não utilizadoras. Primeiro, o uso de contracetivos orais está ligado ao aumento da ativação no córtex pré-frontal durante o processamento da memória de trabalho envolvendo estímulos negativos, como imagens de uma pistola, acidente de carro, etc.”, explicou.
“No nosso estudo, também usamos um stressor social e descobrimos que mulheres que começaram a usar contracetivos orais durante a puberdade ou adolescência apresentam uma resposta alterada ao stress, o que significa que elas não reagem aos stressores tanto quanto as mulheres que começaram a tomar contracetivos orais na idade adulta”, acrescentou.
As mulheres que começaram a usar contracetivos orais durante a puberdade ou adolescência também experimentam atividades cerebrais diferentes durante o processamento na memória de trabalho de imagens neutras, em comparação com as mulheres que começaram a usar contracetivos orais durante a vida adulta, mostrou a investigação.
“Em resumo, o uso de contracetivos orais está relacionado com mudanças estruturais significativas nas regiões do cérebro implicadas na memória e no processamento emocional. [E esse uso] também altera a reatividade ao stress”, concluiu Nafissa Ismail.