REUMÁTICO

Espondilite anquilosante origina em média 110 dias de baixa anuais

Um doente com espondilite anquilosante perde, em média, 110 dias de trabalho por ano devido a baixas, dispensas médicas ou falta de produtividade, revela um estudo que acaba de ser apresentado em Lisboa.

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O prejuízo causado na economia por esta doença reumática crónica chega a vários milhões de euros, conclui o estudo ‘arEA - Avaliação de resultados na espondilite anquilosante’, que visou perceber o impacto da doença na vida dos doentes e averiguar a perceção e resposta dos cuidados primários no diagnóstico e referência atempada dos doentes para a especialidade.

A amostra do estudo ‘arEA’, um projeto NOVA IMS e Novartis, divulgado na conferência Doença Crónica – Saúde, Trabalho e Sociedade, em Lisboa, foi constituída por doentes e especialistas de Medicina Geral e Familiar, tendo a recolha de dados decorrido entre maio e novembro de 2018 e sido obtidas 354 respostas.

Mais de sete em cada dez doentes (71 por cento) referem que a doença tem um impacto razoável ou forte no trabalho, sendo que 69 por cento teve que se reformar antecipadamente ou entrar em baixa permanente, refere a investigação realizado em parceria com a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas e Associação Nacional de Espondilite Anquilosante.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, Luís Miranda, afirmou que os resultados do estudo são “muito importantes relativamente aquilo que é uma doença reumática crónica” incapacitante, que atinge 0,7 por cento da população portuguesa.

“Esta é uma das doenças reumáticas crónicas e todas elas têm um impacto semelhante (como o lúpus ou artrite reumatoide) na pessoa, no trabalhador, na família”, disse o reumatologista, observando que a espondilite anquilosante acaba por interferir anualmente num terço da vida laboral do doente.

Isto também acontece fundamentalmente pela “falta de acessibilidade à especialidade” e não pela falta de especialistas, afirmou.

“Enquanto especialidade de reumatologia conseguimos transformar estes números, mas o sistema nacional de saúde não tem isso em conta e, portanto, mantemos estes números perfeitamente aterrorizadores”, sublinhou.

Segundo o especialista, “14 dos hospitais que estão na rede de referenciação hospitalar não têm reumatologia” e “51 por cento dos doentes em Portugal têm mau acesso ou não têm acesso à reumatologia e muito é por não haver um planeamento estratégico das vagas”.

Para Luís Miranda, “é inaceitável” que hospitais como o Santo António, no Porto, os hospitais civis de Lisboa, Guimarães, Amadora-Sintra “não tenham reumatologia quando existem pessoas disponíveis para irem para lá e abrir os serviços”.

“Não é tanto falta de recursos humanos, é má gestão de recursos humanos e fundamentalmente é a desvalorização destas doenças”, criticou.

O estudo também demonstra que “há muitos doentes que acabam por ir ao [serviço] privado nem que seja por uma questão de mais rapidamente terem acessibilidade à reumatologia, que existe em todas as clínicas e hospitais privados, mas não existe nos hospitais públicos”, salientou.

Luís Miranda advertiu que Portugal vai ser “um país de doenças crónicas” e que se não se começar a pensar como se pode “cuidar melhor destas pessoas o impacto vai ser cada vez pior”.

“Quando temos uma pessoa que não trabalha um terço do seu ano o impacto é tremendo, estamos provavelmente a falar de centenas de milhões de euros com uma única doença reumática e este é apenas um dos impactos” destas doenças.

Para o reumatologista, é preciso saber o que se pretende fazer com estes doentes, de que forma se podem integrar na sociedade e como Portugal pode “voltar a tê-los como plenos cidadãos, num país do primeiro mundo e não ter cada vez mais um sistema de saúde para ricos e um sistema de saúde para pobres”.

“Se um país não pensar globalmente onde ter os seus recursos humanos e qual o impacto destas doenças, se continuarmos a pensar que o financiamento dos hospitais deve ser por cirurgia, por ato médico ou apostar apenas em pagar por urgências e cirurgias, nós nunca iremos conseguir ter um sistema equilibrado porque não conseguimos tratar doenças crónicas, incapacitantes e que se vão prolongar no tempo”, sustentou.

Fonte: Lusa

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