A descoberta "foi uma mudança de paradigma. O transtorno bipolar é tradicionalmente entendido como uma doença do cérebro e acreditava-se que o tecido cerebral ficava isolado do resto do corpo, protegido pela barreira hematoencefálica (um conjunto de células endoteliais que protege o sistema nervoso central", afirmaram os cientistas.

Os investigadores compararam os dados clínicos de 30 portadores de transtorno bipolar em fase precoce, com os de 30 doentes em estadio tardio e ainda com dados de mais 30 voluntários saudáveis. Os grupos tinham uma média de 36 anos de idade.

Os resultados mostraram que os indivíduos bipolares tinham um aumento na taxa de células senescentes - marcadores de envelhecimentos do sistema imunitário - em comparação com os indivíduos saudáveis.

O estudo sugere que as alterações biológicas do transtorno bipolar não podem ser consideradas como restritas ao cérebro e, portanto, o tratamento não pode estar focado apenas na modulação de neurotransmissores.

"Modular o sistema imunológico e controlar a inflamação pode melhorar o quadro psiquiátrico, isso pode ser feito com o uso de medicamentos e também com outras intervenções, como a atividade física. O controlo da inflamação pode, inclusive, amenizar as alterações metabólicas comuns em pacientes bipolares. Estudos mostram que esses doentes apresentam índices acima da média de diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares, doenças associadas ao envelhecimento", afirmaram os cientistas.