Espermatozóides fabricados
Uma equipa de investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto, dirigida por Mário Sousa de 42 anos, desenvolveu em quatro anos uma técnica que permite a produção de espermatozóides in vitro a partir de células-mãe retiradas de homens estéreis. Esta descoberta vai permitir reduzir em 25% os casos de infertilidade masculina.
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O processo começa pela realização de uma biópsia ao testículo na qual é retirada uma pequena amostra onde se encontram as células de Sertoli – um dos dois tipos de células que contribuem para o desenvolvimento normal dos espermatozóides e que, neste caso, nutrem o espermatozóide em desenvolvimento.
Dessa amostra são extraídas as células estaminais – desenvolvidas in vitro até se transformarem em gâmetas masculinos normais (espermatozóides), capazes de fecundar o óvulo. Este processo demora duas ou três semanas e é o suficiente para permitir dar vida a bebés saudáveis, após realizada uma fertilização, igualmente, em laboratório.
Mas para o investigador e professor Mário Sousa o grande avanço diz respeito aos doentes que não tinham espermatozóides na biópsia do testículo. Alguns deles tinham células-mãe, que foram colocadas num caldo de cultura que permite, em cerca de um quarto dos doentes, conseguir que essas células-mãe amadureçam em espermatozóides que podem ser utilizados para obter um bebé. Este avanço constitui uma esperança para 8% dos homens portugueses com problemas de infertilidade que agora poderão vir a ser pais sem ter de recorrer a um banco de esperma.
Estas experiências foram realizadas com um grupo de 151 homens portugueses estéreis e a percentagem de sucesso foi de 28%. Os 151 homens que, voluntariamente, se ofereceram para os testes, serão os primeiros a usufruir da descoberta feita pelos investigadores do Instituto Abel Salazar em parceria com o Hospital de São João, no Porto.
A técnica aguarda, agora, autorização da Sociedade Europeia de Medicina da Reprodução para que possa ser aplicada como tratamento da infertilidade na prática clínica.