
MEDICAMENTOS: ERROS PODEM COMPROMETER O TRATAMENTO
MEDICINA E MEDICAMENTOS
Tupam Editores
A origem dos medicamentos perde-se na História, pois desde sempre o Homem estudou os seus diferentes componentes e propriedades curativas. Com os avanços da medicina, a terapêutica aconselhada para grande parte das patologias passou a envolver o seu uso, com o intuito de eliminar as causas dos problemas e devolver a qualidade de vida aos doentes.
Hoje em dia, os medicamentos estão tão inseridos no nosso quotidiano que muitas vezes nem pensamos no que estamos a fazer.
Afinal, o que pode haver de tão complexo num simples comprimido?
Na verdade, e embora pareça uma prática descomplicada, a ingestão de medicamentos orais – em especial os comprimidos – pode causar danos à saúde ou diminuir a eficácia do tratamento quando feita da forma errada.
Se o seu médico lhe receitou medicamentos, compreenda exatamente de que forma deve cumprir o tratamento, para evitar os erros que a seguir se referem.
Um dos primeiros erros a evitar é, precisamente, desrespeitar as indicações do profissional de saúde. É importante respeitar as indicações do médico ou farmacêutico no que diz respeito à frequência de toma e duração da terapêutica. Qualquer alteração na toma deverá ser comunicada e validada por estes, para não comprometer a eficácia do medicamento.

Dividir o comprimido em duas ou mais partes é uma prática muito comum e outro dos erros a evitar. Isto porque nem todos os comprimidos estão adaptados para serem fracionados sem que as suas propriedades sejam alteradas. Quando se parte um comprimido há sempre uma perda de uma parte substancial deste, que se esfarela e dificilmente é recuperada e consumida. Embora pareça irrelevante, essa parcela faz parte da dosagem ideal.
Além disso, muitas vezes o princípio ativo da formulação do medicamento está concentrada em níveis diferentes nas duas metades do comprimido. Ou seja, caso o paciente escolha tomar uma das metades com menos princípios ativos, a dosagem pode ser ineficaz. O mesmo pode acontecer de maneira inversa, causando uma sobredosagem inesperada.
Os únicos comprimidos que podem ser cortados ao meio são aqueles que possuem uma linha divisória, desenhada inclusive para facilitar o corte. Fora isso, devem ser ingeridos inteiros, da forma como vieram na cartela.
Os problemas nesse caso são muito parecidos com o de ingerir o medicamento fora da cápsula. Muitas pessoas optam por abrir a cápsula do medicamento e ingerir apenas o pó, para tornar o processo de deglutição mais simples. No entanto, essas cápsulas são concebidas com a função de proteger a mucosa da boca e do esófago do contacto com a medicação, para que ela possa agir de forma lenta, garantindo a sua eficácia. Em alguns medicamentos, a remoção da cápsula pode ter consequências como dor no tórax, vómitos e esofagite.

Outro erro a evitar é a toma do medicamento acompanhado de líquidos com sabor. O líquido mais indicado para acompanhar a ingestão de todos os tipos de medicamentos é a água.
Isso porque alguns medicamentos desencadeiam reações químicas quando ingeridos com sumos, leite, refrigerantes, chás ou café, que podem comprometer a sua eficácia.
Outra combinação perigosa e muito conhecida é o medicamento e bebidas alcoólicas. O álcool tanto pode potencializar quanto neutralizar os efeitos de um medicamento, em alguns casos ativando enzimas que transformam o remédio em substâncias tóxicas para o organismo.
Mas, tal como não é recomendada a ingestão de medicamentos com outros líquidos que não sejam água, tomá-lo a seco também pode trazer malefícios. Existe o risco da medicação ficar parcialmente retida no esófago, podendo haver irritação na mucosa em que o comprimido se prendeu.
Não avisar o médico que toma um contracetivo é outro erro. No geral, não existem grandes restrições na mistura de medicamentos com contracetivos, mas é preciso estar atenta, pois existem combinações que reduzem a eficácia do anticoncecional ou da outra medicação. Por exemplo, o contracetivo pode diminuir a eficácia da aspirina, AAS ou de calmantes, e pode potencializar os efeitos do diazepam, da cafeína, dos corticoides e de alguns antidepressivos.
Para garantir que o tratamento faça efeito, também é imprescindível cumprir os horários estabelecidos para a toma dos medicamentos. Este conselho é particularmente importante para quem toma antibióticos. Ao infringir esta regra, poderá estar a comprometer a eficácia do antibiótico e a contribuir para o aumento da resistência bacteriana.

Não deve, em nenhum caso, alterar a dosagem dos medicamentos receitados pelo médico. Se o fizer, pode experimentar efeitos secundários ou até mesmo sofrer uma intoxicação. Qualquer medicamento pode ser perigoso quanto tomado em excesso.
Também não deve interromper o tratamento antes da data prevista. Se se vir obrigado a fazê-lo, independentemente do motivo, deve consultar o seu médico ou farmacêutico. Uma paragem brusca na toma de alguns medicamentos – por exemplo, de antidepressivos – pode ter consequências graves para o bem-estar do doente.
Todos os erros aqui mencionados são acidentes evitáveis. Apesar de no Folheto Informativo que acompanha o medicamento estar especificada a forma como este deve ser ingerido, continuam a existir dúvidas por parte dos doentes. Não ponha a sua saúde em risco, em caso de dúvidas consulte o seu médico ou farmacêutico.