A Federação Europeia de Veterinários de Animais de Companhia (FECAVA) publicou recentemente o “position statement” da Associação Europeia de Etologia Clínica Veterinária (ESVCE) relativamente ao uso das coleiras de choque nos animais.

Segundo o médico veterinário Gonçalo da Graça Pereira, que pertence à direção da ESVCE, além de não existirem argumentos válidos a favor do uso destas coleiras já foram publicados diversos documentos que comprovam os riscos no comportamento dos animais a quem foram aplicadas.

Esta tomada de posição surgiu no seguimento de um trabalho de equipa que envolveu uma pesquisa exaustiva sobre todos os estudos feitos acerca das vantagens e desvantagens deste tipo de técnicas. O resultado foi publicado num estudo que deu origem a este “position statement”, que já faz parte da discussão de alguns governos em diferentes países, como o Reino Unido.

O documento elucida sobre os prós e contras destas coleiras, concluindo-se que estão associadas a numerosos riscos para a saúde dos cães, para o seu comportamento e bem-estar. Qualquer possível problema de comportamento é provável que piore ou podem surgir problemas adicionais quando este tipo de coleira é usado.

O risco é ainda maior quando estes métodos são usados por treinadores não qualificados. Além disso, não se provou que a eficácia das coleiras de choque fosse maior em relação a outras alternativas, como o treino por reforço positivo.

Em Portugal, o uso deste tipo de coleiras é permitido e a legislação não o proíbe. A sua compra é relativamente fácil, seja em lojas físicas ou online.

A lei de proteção aos animais precisa de mudar, de fiscalizar e de proibir algumas práticas em definitivo. Não só se impediria o abuso contra os animais, como se estimulariam formas de treino mais modernas e científicas, sem a utilização de métodos crueis.

Os animais não deveriam sofrer maus tratos de espécie nenhuma por parte dos seus tutores, legais proprietários ou terceiros.