Medicamentos que suprimem sono REM beneficiam pacientes com ELA
Durante o sono REM (movimento rápido dos olhos), o corpo entra num estado de paralisia, o que pode representar um perigo para pacientes com um diafragma enfraquecido devido a doenças neuromusculares. Mas uma investigação recente publicada na Conferência Internacional ATS 2025 revelou que os antidepressivos que suprimem o sono REM estão associados a uma melhoria da sobrevida em pacientes com esclerose lateral amiotrófica (ELA).

Embora alguns estudos tenham sido realizadas para descobrir como o sono REM afeta outras formas de distúrbios respiratórios, como a apneia obstrutiva do sono, pouco se sabia sobre o seu impacto em doenças neuromusculares como a ELA. Este foi o primeiro estudo a examinar o papel do sono REM na progressão e nos desfechos desta doença degenerativa.
Doenças neuromusculares como a ELA podem enfraquecer os músculos do diafragma, fazendo com que as pessoas dependam de suporte extra dos músculos circundantes para respirar. Esses pacientes estão especialmente vulneráveis durante o sono REM – uma fase do sono associada aos sonhos –, porque o corpo suprime a atividade muscular.
Isso pode causar sono interrompido, dando origem a problemas como sonolência diurna e durante a condução. Em casos mais extremos, pode originar problemas respiratórios graves, que vão desde hipercarbia (níveis de dióxido de carbono elevados) e insuficiência respiratória hipóxica, até paragem respiratória completa e até morte.
Para o novo estudo retrospectivo, a equipa de investigadores analisou um enorme banco de dados de pacientes para estudar os resultados de pacientes com ELA que estavam a tomar antidepressivos.
Os especialistas compararam os pacientes que tomaram antidepressivos supressores do sono REM com aqueles cujos medicamentos não interagiam com o sono REM, tendo descoberto que a sobrevida em dois anos foi significativamente maior para os pacientes no grupo com a supressão do sono REM.
Para Cosmo Fowler, da Universidade Emory, os resultados do estudo são especialmente significativos tendo em conta a escassez de opções de tratamento eficazes para alterar o desfecho da ELA. Os tratamentos atuais visam, na sua maioria, melhorar a qualidade de vida dos doentes, e não aumentar a sua sobrevida.
O primeiro autor do estudo realça a necessidade de se realizarem mais estudos, incluindo um ensaio clínico prospectivo, para apoiar a oferta de terapias supressoras do sono REM para os pacientes com ELA.