Dexmedetomidina reduz incidência de depressão após cesariana
A depressão pós-parto (DPP) é o distúrbio psicológico mais comum entre as mulheres após o parto, com uma incidência de cerca de 10% a 20%. Devido às graves consequências negativas para as mães, para as crianças, os familiares e a sociedade, as estratégias para melhorar a prevenção e o tratamento da DPP são uma prioridade de saúde pública.

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Um estudo realizado por investigadores da Universidade Central Sul, em Changsha, China, permitiu concluir que em mulheres com depressão pré-natal submetidas a cesariana, a dexmedetomidina reduz a incidência de resultado positivo para a DPP.
Os especialistas conduziram um ensaio clínico randomizado que incluiu 338 mulheres com resultado positivo para depressão pré-natal, que estavam agendadas para uma cesariana programada em dois hospitais para avaliar a eficácia e segurança da dexmedetomidina na prevenção da DPP.
Durante a investigação, publicada online na JAMA Network Open, as participantes foram selecionadas aleatoriamente numa proporção de 1:1 para receber dexmedetomidina 0,5 μg/kg ou solução salina a 0,9%, infundidos por via intravenosa durante 10 minutos após o parto, nos grupos dexmedetomidina e controle, respetivamente.
Após a infusão, foi administrado sufentanil ou dexmedetomidina mais sufentanil através de analgesia intravenosa controlada pelo paciente durante 48 horas no grupo controle e no grupo dexmedetomidina, respetivamente.
Os investigadores constataram que a incidência de resultado positivo de DPP aos sete e 42 dias após o parto foi significativamente reduzida no grupo dexmedetomidina versus o grupo controle (dia 7: 12,6 versus 32,1%; taxa de risco, 0,39; dia 42: 11,4 versus 30,3%; taxa de risco, 0,38).
Não se observaram diferenças significativas entre os grupos no que diz respeito aos eventos adversos, mas verificou-se um aumento na incidência de hipotensão no grupo da dexmedetomidina (18,3 versus 9,5%; taxa de risco, 2,15).
Os resultados permitiram concluir que a administração preventiva de dexmedetomidina logo no período pós-parto reduziu a incidência de exames positivos de DPP, reduziu a dor pós-operatória, melhorou a qualidade do sono e manteve um perfil de segurança favorável. Segundo os especialistas, o seu efeito antidepressivo pode estar relacionado à regulação positiva do fator neurotrófico derivado do cérebro e/ou à regulação negativa do fator neurotrófico derivado do cérebro.